Assinado Termo de Cooperação do Projeto do Parque Hidroviário de General Câmara
Iniciativa pioneira no Estado conta com o apoio técnico da Associação Hidrovia RS
Marcos Essvein
Na manhã desta segunda-feira (21/10), no plenário da Câmara Vereadores,
foi assinado o Termo de Cooperação do Projeto do Parque Hidroviário do
Município de General Câmara, celebrado entre a Prefeitura Municipal, a Associação
Hidrovia RS, a empresa Synthesis e a empresa Arquitetura SS.
A partir da assinatura do Termo, que é pioneiro no Rio Grande do Sul, será elaborado
um projeto para utilização não só da hidrovia composta pelos Rios Taquari e
Jacuí, mas também da malha rodoviária e ferroviária, visando a criação de um
porto multimodal no município. A expectativa é que até maio de 2020 o projeto
esteja concluído e, então, seja possível atrair empreendimentos para o Parque
Hidroviário, que já tem duas empresas interessadas. O projeto contempla não só
o setor logístico, mas também um parque industrial, turismo e até mesmo esportes.
De acordo com o diretor-presidente da Associação Hidrovia RS, Willen Manteli, o
Município de General Câmara está demonstrando uma visão futurista para a
região.
- A logística é o caminho para o desenvolvimento, geração de riquezas, de
empregos e recursos. E a hidrovia é o transporte mais competitivo, mais barato,
o que menos agride o meio ambiente e o que menos exige recursos para obras de
infraestrutura – disse Manteli.
Ele lamentou que o Rio Grande do Sul e o Brasil tenham virado as costas para as
hidrovias. Segundo ele, hoje, 85% do transporte de cargas no estado é feito por
rodovias, o que representa um custo de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) do RS
e 12% no País.
- O propósito da Associação Hidrovia RS é retomar a cultura gaúcha de exploração
das hidrovias para alavancar a competitividade dos produtos e dos municípios
hidroviários do Rio Grande do Sul. O estado, e especialmente o município de
General Câmara, têm localização privilegiada – disse, ao referir-se aos rios Jacuí
e Taquari e a facilidade de acesso ao Porto de Rio Grande e, consequentemente,
ao restante do país e do mundo.
Francisco Miguel de Almeida Pires, diretor da empresa Synthesis, que será responsável
pela elaboração do projeto, disse que o plano será desenvolvido levando em
consideração “três principais clientes”: a comunidade; os proprietários dos
terrenos onde serão instalados os empreendimentos; e os empreendedores que
quiserem investir em General Câmara com a perspectiva de que a conjunção de
modais de transporte favoreça o êxito dos seus empreendimentos.
- Vai ser a comunidade quem vai nos orientar no desenvolvimento do projeto e
não vamos fazer nada que não atenda aos principais objetivos destes três principais
clientes – disse aos destacar que o objetivo é entregar ao Município um projeto
equalizado, sem conflitos legais ou com normas ambientais.
Ele revelou, ainda, que o Rio Grande do Sul possui 67 municípios atendidos por
hidrovias, entre ele General Câmara, e que o potencial é de chegar a 109
cidades. Ao falar sobre o condomínio industrial, destacou que enquanto Santa
Catarina tem 41 projetos, o Rio Grande do Sul tem apenas dois, um no Polo
Petroquímico de Triunfo e outro em Gravataí.
Para o prefeito Helton Barreto, o projeto abrirá portas tanto para o
desenvolvimento econômico, como para o crescimento de demais atividades como o
turismo.
- Muitos municípios à vezes atropelam e começam primeiro trazendo as empresas e
depois projetando o crescimento. Nós estamos fazendo o inverso. Há duas empresas
interessadas em se instalar no município, mas com o projeto e a intenção dessas
duas empresas vamos viabilizar o desenvolvimento da economia do Estado. Com o
potencial que nós temos, com rodovia, ferrovia e hidrovia, não tem como não dar
certo. É um grande marco para nossa cidade e, com certeza, vai mudar o destino
de General Câmara – afirmou Barreto, destacando que o projeto não terá custos
para o Município.
Também participaram da solenidade o vice-prefeito, Geraldo Dias; o proprietário
do EAEC, Escritório de Arquitetura Consultiva SS, Oscar Escher; o presidente da
Câmara de Vereadores, Alessandro Rasquinha, e os vereadores André Zanette,
Nando Franken e Selomar; o assessor Jurídico da Prefeitura, Gustavo dos Anjos
Baptista; além de representantes das instituições bancárias, Arsenal de Guerra,
Ulbra, empresários, agricultores e comunidade em geral.
SAIBA MAIS
Associação Hidrovia RS
Um dos grandes entraves para que os produtos gaúchos sejam competitivos no
mercado internacional está na logística. A opção de priorizar rodovias em
detrimento dos demais modais acaba por limitar a capacidade de escoamento,
gerando onerosos gargalos por todo o Rio Grande do Sul. Por exemplo, o RS
utiliza menos de 700 km das águas navegáveis. Esse cenário de estagnação, que
impede o desenvolvimento estadual, motivou entidades representativas do setor
produtivo a se unirem e criarem a Associação Hidrovias RS, lançada em maio de
2018, na sede da Farsul. O objetivo é fomentar o aproveitamento efetivo das
hidrovias, não apenas para o transporte por água, mas também como fator
estratégico de atração de novos empreendimentos.
A entidade é formada por representantes da Farsul, Fiergs, Fecomércio, ABTP,
Federarroz e empresas que operam os terminais do Porto de Rio Grande e pretende
liderar a mobilização para ampliar o volume de cargas escoadas pelas hidrovias
dos atuais 7 milhões de toneladas/ano para 12 milhões. O que significa uma
redução do frete em cerca de 40%, garantindo competitividade para a produção
gaúcha nos mercados nacional, por cabotagem, e internacional, pela rota
marítima do sul da África. Formada por entidades empresariais, cooperativas,
investidores e empresas de transporte de passageiros e de cargas, a Associação
Hidrovias RS busca unificar as propostas do setor empresarial, hoje diluídas
entre os vários segmentos da atividade econômica.
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