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São Jerônimo, RS, 22/11/2024

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Motociclista atropela javali na ERS-401 em Charqueadas

Entenda porque o animal, que chegou ao estado na década de 1980, hoje é considerado uma praga

Divulgação/CBV
Motociclista atropela javali na ERS-401 em Charqueadas Animal cruzava a ERS-401 quando foi atropelado pelo motociclista
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Por volta das 19h15min da noite de quarta-feira, 14, um motociclista atropelou um javali que cruzava a ERS-401, em Charqueadas. Corpo de Bombeiros Voluntários atendeu a ocorrência e encaminhou o motociclista ao Hospital de São Jerônimo em estado regular. O animal morreu com o impacto da motocicleta.

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Invasão de javalis no estado


O javali, ou “javaporco” é um animal híbrido. Ele surgiu em um cruzamento entre um porco doméstico e um javali. O animal é considerado uma ameaça sem controle pela capacidade de destruição de campos, lavouras e sistemas florestais nativos ou comerciais do Rio Grande do Sul. Para piorar, o javaporco é onívoro. Ou seja, come praticamente qualquer coisa: raízes, sementes, frutos, grãos, ovos e pequenos animais.


Registros históricos indicam que o javali europeu chegou à América Latina trazido por fazendeiros da Argentina e do Uruguai para se tornarem atração em propriedades de caça esportiva no começo do século 20. Os animais acabaram entrando no Rio Grande do Sul, que tem fronteira com os dois países, e ainda nos anos 80 iniciaram o cruzamento com o suíno doméstico, muitas vezes criado solto. O resultado ficou conhecido como “javaporco”, um animal de maior compleição física e maior quantidade de carne, mas com as mesmas características selvagens do javali. O animal pode chegar a até 250 quilos.


Nos anos 90, com a explosão do interesse pela carne exótica, produtores de todo o país obtiveram do Ibama a autorização para a criação em cativeiro do javali, com vistas à exploração comercial. O negócio, depois do frenesi inicial, passou a não ser tão vantajoso, já que o tempo para a terminação do porco asselvajado corresponde a mais do que o dobro do necessário para o suíno doméstico. O custo de produção acabou sendo muito maior do que imaginavam os criadores, levando-os, em muitos casos, a desistir do empreendimento e a soltar os animais na natureza. 


Proliferação e controle


Uma fêmea pode parir em média sete leitões por gestação, duas vezes por ano. Considerando-se uma taxa de sobrevivência de 70% e que metade das crias sejam fêmeas, que passarão a reproduzir depois de um ano, um grupo inicial de dez fêmeas pode originar uma vara de 3,5 mil javalis em seis anos.


A aproximação do animal do ambiente rural se deve à disponibilidade de alimento e também de resíduos descartados. Descarte adequado de resíduo, cercamento das propriedades e confinamento de animais em parição são algumas das medidas que podem ser adotadas.


Diretora-técnica da Organização Não Governamental (ONG) Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, a veterinária Vânia Plaza Nunes diz que, no passado, o Ibama não responsabilizou quem devia pela entrada do javali no ecossistema gaúcho e nem pela soltura dos animais na natureza. A fiscalização foi falha e hoje não existe outra forma de controlar o javali a não ser o abate.


O animal é muito agressivo, especialmente se for acuado. Fêmeas que protegem os filhotes e machos solitários são perigosos. O javali é ágil e tem quatro dentes caninos afiados, de até dez centímetros, que podem destroçar vestimentas ou a pele de animais. A caça esportiva auxilia os produtores, que autorizam os agentes a entrar em suas propriedades para procurar e eliminar o invasor.


Com informações do Correio do Povo e Gazeta do Sul


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