João Turbina, personalidade histórica da Gincana de Charqueadas
Saiba mais sobre um dos responsáveis pela organização do evento no Município entre 1987 e 2008
Cauê Florisbal
Ser vereador na segunda legislatura do município, participar da criação da lei orgânica de uma cidade , ser uma das lideranças ativas de um dos partidos mais antigos de Charqueadas , o MDB e servidor da prefeitura por mais de trinta anos. Essas são algumas das marcas de alguém qualificado a ser considerado referência de personalidade em uma cidade. É o caso do ex-vereador João Alberto Silva de Paula. No entanto, quando se ouve falar sobre o Turbina, como é conhecido, a primeira lembrança que vem à cabeça de muitas pessoas é uma só: Gincana.
João Turbina organizou a Gincana de Charqueadas entre 1987 e 2008. No ano seguinte, a competição passou a ser organizada por empresas contratadas de outras cidades, o que fez mudar as características do evento.
Início em parceria com o Sesi
Nos primeiros anos a competição era organizada em parceria com o Sesi. A ideia de criar o evento que comemora o aniversário da cidade, surgiu após o então prefeito Anápio de Souza Ferreira participar da Gincana de São Jerônimo e pedir que algo semelhante fosse feito em Charqueadas.
- Era final de tarde, o então prefeito disse que participou de uma gincana e perguntou se era possível fazer o mesmo evento em Charqueadas. Amadurecemos a ideia e começamos a conversar com o Sesi, revela Turbina.
Na época um dos referenciais foi a gincana do CLJ, movimento da Igreja Católica. Tendo isso como base, Sesi e Prefeitura criaram o evento que até hoje faz parte da cultura dos Charqueadenses.
A primeira edição aconteceu em 1987, onde a equipe ABC foi a campeã. Segundo Turbina, doze equipes se inscreveram, mas apenas nove participaram até o final da gincana.
Caça ao tesouro
É comum ouvir dos mais velhos e pessoas que não participam mais da gincana a pergunta: “Que dia é a caça ao tesouro?”. Pois essa foi uma das marcas da “Gincana do Turbina” (como os mais antigos denominam o evento), e que hoje não existe mais. Para descobrir onde estava o tesouro as equipes tinham que cumprir diversas etapas, onde parte delas eram relacionadas com a história do município.
- Naquela época envolvia mais o contexto histórico e cultural da cidade. Hoje eles fazem tarefas de vilão e espião. As nossas caças ao tesouro eram baseadas em histórias, algumas fictícias, outras verdadeiras, para somente depois acontecer o restante das etapas, disse.
O novo método de gincana
Mesmo que as equipes estejam adaptadas ao novo método, ainda existem adeptos da antiga gincana. Caça ao tesouro, tarefas onde ganha pontos apenas a primeira equipe a entregar determinado objeto e até mesmo o “Abre, Abre, Abre” quando alguém chegava correndo no QG com a tarefa, em papel, na mão, são características que não fazem mais parte do evento e geram um pouco de nostalgia e saudosismo por parte dos gincaneiros mais antigos.
Turbina acredita que dificilmente a gincana volte a ser como antes, pelo fato de pessoas da cidade não ter interesse em organizar e das equipes terem adotado o novo sistema.
- Na minha ótica não tem mais como o poder público fazer uma gincana como nós fazíamos, contar com um grupo de pessoas da cidade para organizar. Não que não tenham pessoas para isso, mas dentro do quadro de servidores é difícil encontrar um grupo a fim de dividir essa tarefa. Se houver essa mudança teremos uma contestação muito grande por parte desses que estão à frente hoje, lamenta.
Equipes que ficaram na memória
Hoje a gincana conta com três equipes: Tamo Nessa Por Cerveja (TNC), Grupo de Risco (GR) e Só Pra Nós (SPN). Desde 1987, diversas outras participaram deste evento que mais envolve a comunidade. São elas a Bandeira Branca, ABC, Equipelmi, Karicatus, Ma-Sã, Eki San Rock, Equipe Israel, Equipe Mate Amargo, Tamo Nessa Por Cerveja, Equipe Char, Jeito Jovem e Brotinhos. Também participaram da gincana de Charqueadas as equipes Manufatura, Expressart, Tropicália, Energia, Stress e Tribus.
Ao ser perguntado sobre as equipes que hoje não participam mais e que deixaram sua marca na Gincana de Charqueadas, Turbina destacou duas que fizeram história no evento. A equipe Expressart, campeã em 1992, e Tropicália, que participou de várias edições e nunca venceu nenhuma delas.
- A equipe que mais contribuiu para a parte artística da gincana foi a Expressart, que nos exigiu a melhoria do evento. Lembro que nós fazíamos um esforço para dar as condições necessárias,sempre. Em função disso, a nossa gincana já chegou a ter duas noites de tarefas de palco, em virtude desse trabalho que a Expressart provocou na artística. Já a Tropicália nos deu muita dor de cabeça, pois eram contestadores, mas mereciam ter ganhado uma gincana pelo tempo que eles participaram, afirma.
Adorado e contestado
Criticado, questionado, defendido ou adorado, assim era a popularidade de João Turbina no meio gincaneiro de Charqueadas. Hoje a maioria daqueles que criticavam sente saudade da gincana organizada por ele. Em 2005, depois de muitas criticas e à grande quantidade de pessoas que faziam parte da comissão, o prefeito da época pediu para Turbina escolher montar um novo grupo para organizar o evento.
- Certa vez o então prefeito Jaime disse que durante a eleição pediram para me tirar da gincana. Então passou a primeira edição daquela administração (2005) e após um ano tumultuado, vieram me pedir para que eu voltasse a comandar e montasse um grupo para organizar, finaliza Turbina, que ainda organizou mais dois anos do evento, antes dele passar a ser adminsitrador por equipes de fora da cidade.
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