Mercado de trabalho no RS deve manter ritmo forte no 1º semestre
Segundo economista da Fecomércio, dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) revelam que fevereiro foi um dos melhores meses da série histórica

O mercado de trabalho no Rio Grande do Sul deve continuar aquecido ao longo do primeiro semestre de 2025, impulsionado por fatores econômicos pontuais e políticas públicas de estímulo ao consumo e à renda. A avaliação é da economista-chefe da Fecomércio-RS, Patrícia Palermo, que aponta uma possível desaceleração no segundo semestre, embora sem risco iminente de crise no emprego. As informações são do Jornal do Comércio.
Segundo Patrícia, mesmo com os impactos da estiagem sobre a safra gaúcha, a movimentação no setor industrial, especialmente na cadeia de máquinas e equipamentos, tem mantido a economia girando.
— A safra ainda impulsiona a economia, apesar da quebra na produção. Isso aquece setores importantes, como o de máquinas e equipamentos — explica.
Outro fator de impulso é o aumento do salário mínimo, que ajuda a estimular o consumo. Somam-se a isso medidas do governo federal, como a liberação de R$ 12 bilhões em saques do FGTS e a ampliação do crédito consignado para o setor privado.
— O governo está atuando para evitar a desaceleração econômica, e com a eleição no próximo ano, não devem faltar estímulos. Vemos muitos ‘coelhos saindo da cartola’ para segurar o ritmo —comenta a economista.
Primeiros meses de 2025 tiveram desempenho surpreendente
Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) revelam que fevereiro foi um dos melhores meses da série histórica, com crescimento significativo da empregabilidade em praticamente todos os setores.
O setor de serviços liderou em geração de vagas, com 12.954 novos empregos formais apenas em fevereiro, e 16.655 no acumulado do ano até então. Já a construção civil, que emprega proporcionalmente mais em relação ao total de trabalhadores, registrou 1.375 novos postos no mês e 2.572 no acumulado de janeiro e fevereiro.
No campo, demanda por mão de obra persiste
No setor rural, o cenário também segue com demanda constante por mão de obra. Segundo Álvaro Moreira, assessor jurídico da Farsul (Federação da Agricultura do Estado), a escassez de moradores nas áreas rurais tem gerado uma pressão adicional sobre o mercado de trabalho no campo.
A contratação de safristas é comum, especialmente em colheitas que ainda dependem da força humana, como uva, maçã e fumo.
— A informalidade ainda existe, mas há crescimento na formalização para culturas sazonais. Isso impacta positivamente o número de empregos registrados — afirma.
Moreira também destaca que o trabalho terceirizado tem aumentado, principalmente quando há dificuldade na sucessão familiar nas propriedades.
— A sucessão rural é um grande desafio. A cada dez propriedades, seis podem não ter continuidade pela falta de interesse dos jovens em seguir no campo — alerta.
Perspectiva para o segundo semestre
Apesar dos bons resultados até agora, a Fecomércio-RS prevê que o segundo semestre de 2025 poderá registrar uma desaceleração do mercado de trabalho, à medida que os estímulos governamentais percam força e a economia retome um ritmo mais moderado.
— Ainda não falamos em crise, mas será importante acompanhar o comportamento da economia e do consumo para entender até que ponto essa desaceleração pode se confirmar — conclui Patrícia.
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