MEIs correspondem a 79,5% das empresas criadas no RS no 1º trimestre de 2025
Setor de serviços lidera entre os novos empreendimentos, seguido por comércio e indústria

O Rio Grande do Sul registrou um recorde histórico de abertura de empresas no primeiro trimestre de 2025, com 84.505 novos empreendimentos. Desses, 79,5% correspondem aos microempreendedores individuais (MEIs), totalizando 67.212 registros. Criada em 2008, a categoria MEI se destaca pela facilidade no processo de formalização e pelos benefícios oferecidos, o que atrai principalmente pequenos empresários. As informações foram divulgadas pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento (Sedec) com dados da Junta Comercial, Industrial e de Serviços do Rio Grande do Sul (JucisRS). As informações são do Jornal do Comércio.
Para Lauren Momback Mazardo, presidente da JucisRS, o aumento no número de MEIs no estado pode ser atribuído a uma série de fatores, com destaque para o ambiente favorável aos negócios impulsionado por políticas públicas estaduais. Entre as iniciativas mencionadas por Lauren, está o InvestRS, lançado no final de 2024, que visa atrair investimentos para o Rio Grande do Sul.
— Nosso estado se apresenta como um ótimo local para viver e investir. Com diversas políticas públicas voltadas ao empreendedorismo, incluindo para os MEIs, o cenário está cada vez mais positivo — afirma a presidente.
O crescimento de MEIs, no entanto, não é uma tendência exclusiva do Rio Grande do Sul, mas uma realidade nacional. Giulia Mattos, analista de relacionamento do Sebrae-RS, destaca que o aumento das formalizações de MEIs reflete um fenômeno observado em todo o país. Segundo ela, as parcerias entre governos (federal, estadual e municipal) e instituições como o Sebrae ajudaram a tirar do papel iniciativas como a nota fiscal eletrônica (NFS-e), tornando a formalização mais acessível e prática.
A Reforma Trabalhista, sancionada em 2017, também tem sido um fator importante nesse crescimento, pois permitiu a terceirização das atividades principais pelas empresas, favorecendo contratos entre CNPJs. Giulia acredita que esse movimento demonstra um mercado de trabalho mais fragmentado, onde os trabalhadores buscam se adaptar e assumir a figura do empreendedor.
— Essa mudança no mercado de trabalho reflete tanto o espírito empreendedor quanto a necessidade de adaptação às novas realidades do mercado. Cada vez mais, os trabalhadores se formalizam, seja como MEI ou por meio de outras formas jurídicas, como a sociedade limitada (LTDA) — explica Giulia.
A formalização de setores como comércio, indústria e serviços também tem contribuído para o aumento dos MEIs, sendo a carga tributária mais baixa um atrativo para pequenos negócios. Entre os setores que mais registraram novas empresas, a prestação de serviços lidera com 73%, seguida pelo comércio (19%) e pela indústria (8%).
No caso dos serviços, especialmente no segmento de logística, Giulia aponta que a formalização de motoristas autônomos, como os caminhoneiros, foi um fator relevante. A regulamentação da MEI caminhoneiro, que finalmente se concretizou nos últimos anos, facilitou a adesão de motoristas autônomos à categoria, impactando diretamente no número de CNPJs abertos.
— De 2021 para cá, a logística se destacou muito dentro do setor de serviços. A regulamentação da MEI caminhoneiro ajudou a formalizar muitos motoristas autônomos, que agora veem vantagens nessa forma de organização empresarial — conclui Giulia.
Com um cenário cada vez mais favorável à formalização e ao empreendedorismo, o Rio Grande do Sul segue como exemplo de um estado em que políticas públicas eficazes estão promovendo um ambiente propício para o crescimento de pequenos negócios.
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