Exercícios aeróbicos podem proteger contra o Alzheimer, indica estudo
Estudo desvenda efeitos benéficos da atividade física para o cérebro; movimentar-se desempenha um papel crucial na prevenção de demências

Gabriela Cupani
Agência Einstein
A atividade física aeróbica ajuda a proteger o cérebro contra o desenvolvimento do Alzheimer e a restabelecer o equilíbrio celular, que decai com o envelhecimento. Isso é o que mostra um novo estudo feito com animais que desvendou mecanismos dos efeitos positivos dos exercícios no cérebro. Recém-publicada no periódico Brain Research, a pesquisa foi conduzida por cientistas da Universidade de Bristol, no Reino Unido, e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Os autores selecionaram dez ratos idosos, que foram divididos em dois grupos: durante dois meses, metade correu em uma esteira cinco vezes por semana e os demais permaneceram sedentários. Ao final do período, os pesquisadores analisaram amostras de tecido da formação hipocampal, região do cérebro responsável pela memória e pelo aprendizado.
O grupo que se exercitou apresentou menor quantidade de todos os marcadores envolvidos no Alzheimer: queda de 63% na proteína TAU e de 76% no depósito de beta-amiloide, proteínas que degradam os neurônios. Eles também tinham menor acúmulo de ferro – em excesso, esse mineral induz a morte dos oligodendrócitos, células produtoras da mielina, camada que protege os nervos e favorece a transmissão de impulsos elétricos. Esses animais tinham maior número dessas células, além de menor inflamação cerebral e melhores condições para comunicação entre os neurônios.
Os efeitos da atividade física em pessoas com essa demência já são conhecidos.
— O exercício físico tem efeitos benéficos no Alzheimer, pois reduz inflamação geral crônica relacionada ao envelhecimento, prevenindo a perda de mielina, controlando os níveis de ferro no cérebro e reduzindo níveis de moléculas patológicas associadas à doença — diz o neurocientista Robson Gutierre, um dos autores do trabalho, à Agência Einstein.
Exercícios aeróbicos e treinamento de força desempenham um papel crucial na prevenção de demências, incluindo o Alzheimer.
— O treinamento de força também eleva os níveis do fator neurotrófico derivado do cérebro [BDNF – Brain-Derived Neurotrophic Factor], favorecendo a neuroplasticidade e protegendo contra o declínio cognitivo — completa Brendo Faria Martins, especialista em fisiologia do exercício do Espaço Einstein de Esporte e Reabilitação, do Hospital Israelita Albert Einstein.
Por isso, segundo os autores do estudo, incluir atividade física na rotina pode reduzir o risco de perda cognitiva e retardar a progressão da doença. De acordo com Gutierre, a pessoa que já treina pode fazer exercícios aeróbicos até seis vezes por semana.
— O ideal é, no mínimo, três dias de exercícios aeróbios em dias alternados. Para quem não tem o costume de treinar, o ideal é passar por uma avaliação física para saber a frequência e a intensidade dos exercícios — orienta o pesquisador.
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