CEEE Equatorial prevê investimento recorde de R$ 1,2 bilhão em 2025
Boa parte dos recursos será destinada à substituição de redes de distribuição antigas e ineficientes, com a previsão de troca de cerca de 120 mil quilômetros de linhas

A CEEE Equatorial anunciou um investimento recorde de R$ 1,2 bilhão para 2025, o maior desde sua privatização. Esse valor representa mais da metade dos R$ 2,3 bilhões investidos entre 2021 e 2024. O presidente da concessionária destaca que, quando a empresa era estatal, os aportes anuais eram de cerca de R$ 150 milhões, o que não era suficiente para atender às necessidades do setor. O objetivo do investimento é acelerar a recuperação dos passivos deixados pela gestão anterior e melhorar a qualidade do fornecimento de energia no Estado.
Boa parte dos recursos será destinada à substituição de redes de distribuição antigas e ineficientes, com a previsão de troca de cerca de 120 mil quilômetros de linhas. Além disso, a empresa pretende substituir postes de madeira por modelos de concreto, que são mais resistentes a eventos climáticos. Atualmente, a CEEE Equatorial possui cerca de 800 mil postes, dos quais 550 mil são de madeira. A meta é que, em três a cinco anos, metade dos postes sejam de concreto.
Em uma palestra recente, o presidente da CEEE Equatorial abordou os desafios da distribuição de energia em um cenário de fenômenos climáticos extremos. Ele ressaltou que a posição geográfica do Rio Grande do Sul, com massas de ar quente e frio, favorece a ocorrência desses eventos, que têm se tornado cada vez mais frequentes. Em 2023, a concessionária registrou 26 episódios de tempestades que afetaram cerca de 2,4 milhões de clientes. Em 2024, o número de eventos foi reduzido para 14, mas os impactos foram mais severos, atingindo 6,1 milhões de consumidores. No início de 2025, já ocorreram quatro eventos que afetaram 109 mil clientes.
Além disso, o presidente mencionou que, embora as redes subterrâneas sejam frequentemente sugeridas como solução, elas também apresentam limitações. Durante a enchente de maio de 2024, a área mais afetada de Porto Alegre foi o Centro Histórico, onde a rede subterrânea foi danificada pela inundação, dificultando o restabelecimento da energia. O executivo afirmou que a engenharia precisa encontrar soluções eficientes e adequadas para cada situação.
Outro desafio destacado foi a convivência da rede elétrica com a vegetação urbana. Durante os fortes ventos de janeiro de 2024, mais de 3 mil árvores caíram sobre a rede elétrica em Porto Alegre, sendo responsáveis por cerca de 70% das interrupções no fornecimento de energia.
No campo das fontes renováveis, o Rio Grande do Sul se destaca por ter mais de 80% de sua matriz elétrica baseada em fontes renováveis. O estado possui um grande potencial nas áreas de energia eólica, solar, hídrica e biomassa, o que poderia permitir que ele se tornasse autossuficiente em energia elétrica no futuro. No entanto, esse objetivo depende do desenvolvimento do mercado e de investimentos na infraestrutura de transmissão, que já recebeu aportes bilionários na última década. A geração eólica, por exemplo, pode crescer significativamente no estado, aproveitando as dificuldades enfrentadas pelo Nordeste para escoar essa energia devido à falta de infraestrutura adequada.
Especialistas no setor destacam que o Brasil, além das energias renováveis, também está explorando fontes fósseis como o gás natural, mas de forma responsável, para não abrir mão de seus recursos. O Rio Grande do Sul tem, assim, grandes oportunidades para expandir sua produção de energia eólica e outras fontes renováveis, aproveitando os investimentos em transmissão realizados nos últimos anos.
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