China suspende importação de carne bovina de três frigoríficos brasileiros
Além das três empresas brasileiras, a suspensão atinge também frigoríficos na Argentina, Uruguai e Mongólia

A China anunciou, na segunda-feira (3/02), a suspensão temporária das importações de carne bovina de três frigoríficos brasileiros, conforme informações da Administração Geral de Aduanas da China (GACC). A decisão foi tomada após auditorias remotas identificarem não conformidades nos requisitos chineses, resultando na medida que afeta uma unidade da JBS em Mozarlândia (GO), uma da Frisa em Nanuque (MG) e uma da Bon-Mart em Presidente Prudente (SP).
A Associação Brasileira de Proteína Animal (Abiec) informou que as empresas envolvidas já foram notificadas e estão tomando providências para atender às exigências da autoridade sanitária chinesa. A JBS, por sua vez, afirmou que está tratando do assunto com a Abiec, mas não se manifestou publicamente sobre detalhes da suspensão.
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou a notificação e está realizando a tradução do documento oficial para entender os detalhes da medida. Representantes do Mapa destacaram que a análise inicial considera cedo para determinar quando as exportações dessas unidades serão retomadas. O governo brasileiro afirmou que, dependendo dos pontos levantados pelos chineses, será desenvolvido um plano de ação para restabelecer as exportações o mais rápido possível.
Em nota, a Abiec reforçou que as outras unidades brasileiras habilitadas para exportação seguem operando normalmente, garantindo o fluxo de carne bovina ao mercado chinês. A China continua sendo o principal comprador da carne bovina brasileira, responsável por 46% das exportações em 2024, o que equivale a 1,33 milhão de toneladas, gerando US$ 6 bilhões em receita.
Além das três empresas brasileiras, a suspensão atinge também frigoríficos na Argentina, Uruguai e Mongólia.
Suspensão não está relacionada à investigação de salvaguardas
Importante destacar que a suspensão das importações não está relacionada à investigação sobre medidas de salvaguarda, conforme esclareceu Welber Barral, representante da Abiec no processo. A investigação de salvaguardas, que visa avaliar o impacto do aumento das importações de carne bovina, ainda está em andamento e pode levar até um ano para ser concluída. O processo foi iniciado após produtores chineses solicitarem a investigação, alegando que o aumento das importações causava prejuízos ao mercado local.
A aplicação de medidas de salvaguarda, como sobretaxas ou cotas, é uma prática permitida pela Organização Mundial do Comércio (OMC) para proteger economias de impactos negativos de importações excessivas. No entanto, o governo chinês está analisando os argumentos apresentados pelas empresas antes de tomar decisões definitivas sobre possíveis restrições comerciais.
Esta suspensão, portanto, é uma ação pontual de conformidade da aduana chinesa e não está diretamente vinculada ao processo de salvaguardas.
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