Lula demite Nísia Trindade e confirma Alexandre Padilha na Saúde
Reforma ministerial, que já estava em debate há meses, começa a se concretizar, com a possível entrada de novos nomes e ajustes na equipe
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou, nesta terça-feira (25), a demissão da ministra da Saúde, Nísia Trindade, após uma conversa no Palácio do Planalto. Nísia será substituída por Alexandre Padilha, que deixa a Secretaria de Relações Institucionais para reassumir o cargo que já ocupou no governo Dilma Rousseff (PT). Essa mudança marca o início da reforma ministerial do governo.
Lula se reuniu com Nísia na tarde de hoje e, após o encontro, informou aos seus aliados sobre a decisão. A nomeação de Padilha, ex-ministro da Saúde, visa trazer uma nova direção para a pasta, que enfrenta desafios diante da baixa popularidade do governo e da pressão de setores políticos e da sociedade.
Nísia, que assumiu a pasta com um perfil técnico, foi alvo de críticas durante sua gestão, especialmente por sua atuação em crises sanitárias e pela falta de uma marca forte na área da saúde. Sua administração também enfrentou cobranças sobre a ampliação do controle do orçamento da pasta por parte do Centrão.
A mudança ocorre em um momento crucial para o governo, que busca reverter sua baixa popularidade. No Planalto, há a expectativa de que a nova gestão da Saúde consiga implementar políticas públicas de maior visibilidade, como o programa Mais Acesso a Especialistas, que visa reduzir as filas e ampliar o acesso a consultas e exames especializados nas áreas de oncologia, cardiologia, oftalmologia, otorrinolaringologia e ortopedia. Essa iniciativa tem o potencial de se tornar uma marca da gestão de Lula.
A reforma ministerial, que já estava em debate há meses, começa a se concretizar, com a possível entrada de novos nomes e ajustes na equipe. Até agora, a única mudança confirmada foi a nomeação de Sidônio Palmeira para a Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência. Fontes próximas ao presidente indicam que as primeiras mudanças ocorrerão com membros do PT e pessoas próximas a Lula.
A reforma acontece em um momento de pressão sobre o governo para melhorar sua relação com o Congresso e garantir a governabilidade, com a aprovação de projetos estratégicos que podem ajudar a aumentar a popularidade do governo. Além disso, o presidente também precisa definir o apoio dos partidos para a reeleição em 2026, uma vez que, como ele mesmo afirmou, "2026 já começou".
Para garantir apoio no Congresso, Lula tem distribuído ministérios para partidos de centro e centro-direita, como PSD, União Brasil, MDB, Republicanos e PP. No entanto, a relação entre o Executivo e o Legislativo tem sido marcada por instabilidade durante os primeiros anos do governo petista.
A reforma ministerial também deve envolver os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), além de líderes e presidentes dos partidos aliados. O centrão tem mostrado interesse pelo Ministério da Saúde, devido à sua grande quantidade de recursos e emendas parlamentares, mas Lula indicou que prefere manter um petista no comando da pasta, dada sua importância estratégica.
A distribuição de emendas pela Saúde foi um ponto de crítica ao longo da gestão de Nísia, especialmente por parte da cúpula da Câmara, que apontava a baixa execução orçamentária da pasta.
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