Na retomada do Polo Naval, Lula defende transição energética financiada pelo petróleo
A presidente da Petrobras também anunciou a conversão da refinaria Rio Grandense em uma biorrefinaria até 2029, com investimentos de R$ 5,5 bilhões e a criação de 4 mil empregos
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Em evento realizado nesta segunda-feira (24), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que a transição energética do Brasil será viabilizada pelos recursos provenientes do petróleo. A declaração foi feita durante a assinatura do contrato para a construção de quatro navios pela Transpetro, em parceria com o consórcio formado pelos estaleiros Rio Grande e McLaren. O presidente destacou que, apesar de ser contra os combustíveis fósseis a longo prazo, é com os recursos gerados pelo petróleo que será possível financiar biocombustíveis e tecnologias sustentáveis, como o hidrogênio verde.
— Sou contra combustíveis fósseis, depois que não precisarmos mais deles. Mas, enquanto ainda não tivermos alternativas, é com o dinheiro do petróleo que vamos viabilizar a transição energética — disse Lula, que também ressaltou que o Brasil possui uma das maiores indústrias petrolíferas do mundo, por meio da Petrobras, e que isso deve ser aproveitado para transformar o país em um líder global em energias renováveis.
A assinatura do contrato faz parte de um movimento maior de revitalização da indústria naval no Brasil, que inclui a modernização da frota da Transpetro. O valor do contrato para os novos navios da classe handy, com capacidade para transporte de derivados de petróleo, é de US$ 69,5 milhões por embarcação. Além de aumentar a capacidade de atendimento da Petrobras, os novos navios contarão com tecnologias que garantem maior eficiência energética e reduzem a emissão de gases de efeito estufa, alinhando-se às metas internacionais de sustentabilidade.
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, também aproveitou a ocasião para destacar o impacto das atividades da empresa na exploração de petróleo, especialmente nas bacias de Pelotas e Namíbia, e anunciou a conversão da refinaria Rio Grandense em uma biorrefinaria até 2029, com investimentos de R$ 5,5 bilhões e a criação de 4 mil empregos. A conversão visa à produção de produtos 100% renováveis, incluindo combustível de aviação vegetal.
Em sua fala, Lula ressaltou ainda a importância de fortalecer a indústria naval brasileira, criticando a dependência do país de embarcações importadas, especialmente de países como Coreia do Sul, Singapura e China.
— Por que o Brasil não tem uma indústria naval forte? O transporte marítimo é vital para o comércio internacional, e precisamos investir na nossa capacidade de produzir navios aqui — afirmou.
O evento também teve um tom político forte, com a prefeita de Rio Grande, Darlene Pereira, emocionada ao falar sobre a importância da retomada do polo naval após os danos causados pela crise que paralisou o estaleiro em 2016. Ela pediu maior agilidade na conclusão de infraestrutura, como a BR-392, que liga Rio Grande a outras regiões do estado.
O ato contou ainda com discursos de apoio ao presidente, incluindo o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, que sugeriu até um "Lula 4" para dar continuidade ao governo. Por outro lado, Lula também fez críticas à Operação Lava Jato, que, segundo ele, foi responsável por enfraquecer a Petrobras e desestruturar a indústria nacional.
O evento marcou um passo importante para a recuperação do setor naval e o fortalecimento da Petrobras, que, segundo o presidente, é uma das maiores empresas de petróleo do mundo e desempenha papel crucial no desenvolvimento do Brasil.
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