‘Caguei para a prisão’, diz Bolsonaro após denúncia da PGR sobre tentativa de golpe
Ex-presidente critica investigação e nega envolvimento em trama golpista durante evento do PL
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ironizou, nesta quinta-feira (20/02), a possibilidade de ser preso após a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) sob a acusação de liderar uma tentativa de golpe para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022. Durante um evento do Partido Liberal em Brasília, Bolsonaro minimizou as acusações e voltou a atacar o Supremo Tribunal Federal (STF).
— O tempo todo [é] "vamos prender o Bolsonaro". Caguei para a prisão — afirmou, sob aplausos de militantes e parlamentares aliados.
Essa foi a primeira declaração pública do ex-presidente após a PGR protocolar a denúncia contra ele e outras 33 pessoas, incluindo ex-assessores e militares. Segundo o órgão, Bolsonaro teria organizado um plano para deslegitimar o resultado das eleições e se manter no poder. Os crimes apontados incluem tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado, com penas que podem somar até 50 anos de prisão.
Bolsonaro nega tentativa de golpe e critica investigações
No discurso, Bolsonaro negou envolvimento em qualquer tentativa de golpe e ironizou as investigações ao mencionar que estava nos Estados Unidos durante os ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023.
— Foi um golpe da Disney. O golpe sou eu? Estava em Orlando! — disse.
Ele também voltou a questionar a liberdade de expressão no Brasil e fez críticas indiretas ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, a quem chamou de “semideus” e “rei dos inquéritos”. Moraes é o relator do inquérito que apura a suposta tentativa de golpe.
O ex-presidente argumentou que sua gestão enfrentou uma perseguição política e reclamou do que chamou de “narrativas” contra ele. Para exemplificar, mencionou casos de empresários e políticos que, segundo ele, cometeram crimes mais graves e permanecem em liberdade.
— Há condenados a devolver bilhões, fizeram delação premiada, e estão soltos. Mas querem me prender — afirmou.
Mobilização para evento em Copacabana
Bolsonaro aproveitou o evento para convocar seus apoiadores a participarem de um ato em sua defesa em Copacabana, no Rio de Janeiro, no dia 16 de março. O evento deve reunir manifestantes pedindo anistia para os presos pelos atos de 8 de janeiro.
Embora não tenha mencionado explicitamente uma candidatura em 2026, Bolsonaro sugeriu que continuará atuando politicamente.
— Para 2026, me deem 50% da Câmara dos Deputados e 50% do Senado que eu mudo o destino do Brasil. Brasil acima de tudo, Deus acima de todos! — finalizou.
Denúncia da PGR e estratégia política
A denúncia contra Bolsonaro é vista como um movimento decisivo no Supremo Tribunal Federal, que pode julgá-lo ainda em 2025. Ministros da Corte articulam para que o julgamento ocorra antes das eleições presidenciais de 2026, evitando interferências políticas.
A estratégia do ex-presidente após a denúncia tem sido reforçar sua narrativa de perseguição e manter sua base mobilizada. Bolsonaro busca preservar seu capital político até o último momento, evitando passar o bastão precocemente a outro nome da direita e tentando reverter sua inelegibilidade, que atualmente vigora até 2030.
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