Em um evento simbólico realizado em Angra dos Reis (RJ), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e representantes do Sistema Petrobras anunciaram, nesta segunda-feira (17/02), a segunda licitação do Programa de Renovação e Ampliação da Frota do Sistema Petrobras. A Transpetro, braço logístico da Petrobras, será responsável pela contratação de oito navios gaseiros, em uma ação que visa não apenas renovar a frota, mas também fortalecer a indústria naval brasileira e garantir a soberania energética do país.

— A nossa ideia de colocar as coisas nacionais, fabricadas pelas nossas empresas, nos nossos navios, na nossa plataforma, na nossa refinaria, é uma missão que a gente vai cumprir a cada dia. Porque nós precisamos ter consciência que um país só será soberano quando o povo tiver orgulho, não só do seu país, mas daquilo que faz, daquilo que ele acredita — pontuou Lula.

A licitação é dividida em dois lotes, com prazos de entrega que vão até 30 meses após a formalização dos contratos. No total, a Transpetro adquiriu 14 novos navios gaseiros, ampliando a capacidade de transporte de 36 mil para até 108 mil metros cúbicos. Esses novos gaseiros terão eficiência de até 20% superior em termos de consumo e uma redução de 30% nas emissões de gases do efeito estufa, alinhando-se aos compromissos de sustentabilidade do governo.

Para o presidente da Transpetro, Sérgio Bacci, essa licitação representa um novo capítulo para a companhia.

— A ampliação da nossa frota não só fortalece o setor de gás natural, mas também impulsiona a indústria nacional. A Transpetro consolidará sua posição como o maior armador brasileiro no transporte de gás — afirmou.

Detalhamento dos lotes e potencial de crescimento

O primeiro lote da licitação abrange cinco navios, sendo três embarcações de 7 mil metros cúbicos e duas de 14 mil metros cúbicos. Estas embarcações, do tipo pressurizado, serão dedicadas ao transporte de GLP (gás liquefeito de petróleo) e derivados. Já o segundo lote envolve a aquisição de três navios semirefrigerados, com capacidade de 10 mil metros cúbicos, que poderão carregar amônia, ampliando o portfólio de serviços da Transpetro.

Além disso, o evento também marcou o lançamento de uma iniciativa para o reaproveitamento de plataformas da Petrobras em fase de desmobilização. A assinatura de protocolos de intenção com diversos setores industriais, incluindo o Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (SINAVAL), reforça o compromisso da Petrobras com a sustentabilidade e o desenvolvimento da economia circular no setor de óleo e gás.

Indústria naval e geração de empregos

O impacto dessa licitação na indústria naval brasileira é significativo. A renovação da frota e o reaproveitamento das plataformas em desativação são vistos como medidas estratégicas para a recuperação econômica das regiões onde os estaleiros estão localizados. Segundo o coordenador-geral da Frente Única dos Petroleiros, David Bacelar, mais de 44 mil postos de trabalho serão gerados diretamente pela indústria naval com as encomendas feitas pela Petrobras. Estaleiros do Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Santa Catarina, Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro serão beneficiados com essas novas oportunidades.

Magda Chambriard, presidente da Petrobras, destacou que a contratação dos novos gaseiros está alinhada com os esforços para fortalecer a indústria nacional e reduzir a dependência de afretamentos. "Esse é um passo importante não só para o crescimento da Transpetro, mas também para o fortalecimento da nossa soberania energética e para a reindustrialização do país", afirmou.

Futuro da Indústria Naval e Offshore

A Transpetro também está se preparando para novas licitações. A companhia planeja, para o segundo trimestre deste ano, a contratação de quatro navios de médio porte (MR1), com capacidade de 35 mil Toneladas de Porte Bruto (TPB), dando continuidade ao fortalecimento da frota nacional. Além disso, a Petrobras já havia contratado 12 novas embarcações de apoio marítimo e está em processo de aquisição de mais 20 embarcações de diferentes tipos para reforçar suas operações offshore.

Essas iniciativas fazem parte de um esforço contínuo para reaquecer a indústria naval e reforçar o comprometimento do país com a transição energética justa, com a utilização de tecnologias mais modernas e sustentáveis, que também contribuem para a redução das emissões de poluentes.