Prejuízos causados pela estiagem no RS chegam a R$ 117,8 bilhões desde 2020
Impactos da seca afetam especialmente a agricultura e pecuária
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Desde 2020, o Rio Grande do Sul tem enfrentado prejuízos significativos devido às estiagens consecutivas. De acordo com um levantamento realizado pela Assessoria Econômica da Farsul, a seca acumulou perdas que totalizam R$ 106,5 bilhões, valor que, ajustado pela inflação, chega a R$ 117,8 bilhões. A estimativa inclui os danos ao agronegócio, agropecuária, indústria, serviços e impostos indiretos, somando um impacto de R$ 319,1 bilhões, o equivalente a 49% do PIB estadual de 2023. O estudo focou nas principais culturas do estado, como arroz, soja, milho e trigo.
A estiagem continua sendo uma preocupação crescente para agricultores e pecuaristas. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santa Maria, Delcimar Borin, mencionou que a seca está causando um estresse hídrico nunca antes visto em sua propriedade, com bebedouros para o gado secando. Dados da Defesa Civil do Rio Grande do Sul revelam que 79 municípios decretaram situação de emergência, sendo que 21 desses decretos foram homologados pelo governo estadual e sete receberam reconhecimento federal. A situação é grave, com muitos relatos de lavouras irrecuperáveis, mesmo que haja chuva nos próximos dias.
A Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag-RS) estima que os prejuízos nas lavouras podem chegar a até 50%. No entanto, os números finais ainda não são definitivos, pois as chuvas esperadas podem melhorar a situação. De acordo com Claudinei Baldissera, diretor técnico da Emater-RS, como o fenômeno ainda está em curso, não é possível confirmar se esta será a estiagem mais severa dos últimos anos. O grande desafio tem sido a irregularidade das chuvas, com algumas áreas recebendo água enquanto outras permanecem secas.
Além disso, entidades estão buscando alternativas para ajudar os produtores a renegociar suas dívidas, já que muitas perdas são irreversíveis. O presidente da Fetag-RS, Carlos Joel da Silva, anunciou uma reunião com o governador do Rio Grande do Sul e outras autoridades para discutir a renegociação de dívidas, propondo uma prorrogação de até 12 anos, com dois anos de carência.
Nos municípios, a situação é crítica. Em Santa Maria, 780 famílias da zona rural estão recebendo apoio, com mais de 100 mil litros de água distribuídos diariamente por caminhões-pipa. O prefeito Rodrigo Decimo relatou perdas na bovinocultura de leite e no gado de corte, embora a zona urbana ainda não esteja enfrentando problemas de abastecimento.
Em Uruguaiana, que teve a situação de emergência reconhecida pelo governo federal, mais de 400 mil litros de água potável já foram distribuídos para o interior da cidade. O apoio com caminhões-pipa, iniciado no final de 2024, continua devido à escassez de chuvas e queda nos níveis dos reservatórios. O coordenador municipal da Defesa Civil, Paulo Woutheres, mencionou prejuízos em diversas atividades econômicas, como bovinocultura de leite, hortifrúti e soja, além de 80 focos de incêndio registrados desde o início da estiagem.
Com a previsão de mais secas nos próximos anos, o município está planejando a construção de poços artesianos em três regiões para mitigar os impactos futuros da falta de chuvas.
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