Com dívida de R$ 2,3 bilhões, Bombril pede recuperação judicial
Empresa sofreu autuações da Receita Federal por supostas falhas no recolhimento de tributos em operações de aquisição de títulos de dívida estrangeiros
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A Bombril protocolou nesta segunda-feira (10/02) um pedido de recuperação judicial, acompanhado por outras empresas de seu grupo econômico, na 1ª Vara Regional Empresarial e de Conflitos Relacionados à Arbitragem da 1ª Região Administrativa Judiciária de São Paulo. A decisão foi previamente autorizada pelo conselho de administração da companhia.
A empresa explicou que a medida foi tomada no melhor interesse da companhia, visando conduzir de forma organizada um processo de negociação abrangente com todos os credores, com o objetivo de readequar sua estrutura de endividamento.
Este pedido de recuperação judicial acontece quase dois anos após a empresa ter descartado essa possibilidade, quando recorreu à venda de direitos creditórios no valor de R$ 300 milhões, o que gerou um alerta no mercado na época.
Com a recuperação judicial, a Bombril acredita ser capaz de manter sua capacidade operacional e reestruturar seu passivo, por meio de um processo rápido e com o menor impacto possível para os credores e as operações da empresa.
A administração da companhia ressaltou que essa ação está alinhada aos esforços contínuos de gestão de passivos e recuperação da lucratividade que vêm sendo realizados nos últimos anos. Nos últimos trimestres, a Bombril apresentou resultados financeiros positivos.
“A companhia confia que, por meio da recuperação judicial, será possível alcançar uma estrutura de endividamento saudável, o que permitirá um novo ciclo de crescimento e novos investimentos, beneficiando todos os stakeholders”, conclui a empresa.
Passivos Tributários e Jurídicos
A Bombril enfrenta contingências tributárias relevantes, com destaque para autuações da Receita Federal por supostas falhas no recolhimento de tributos em operações de aquisição de títulos de dívida estrangeiros (T-Bills) entre 1998 e 2001. Essas autuações envolvem uma disputa judicial totalizando aproximadamente R$ 2,3 bilhões. Dada a magnitude dos valores, a administração tem monitorado de perto o andamento dos processos judiciais.
Recentemente, a companhia recebeu uma decisão desfavorável em alguns desses processos. Diante disso, os diretores da Bombril realizaram uma reunião para reavaliar as chances de perda nos litígios e as alternativas para lidar com essa questão e seus impactos, com o suporte de pareceres externos.
A companhia considerou que o risco de perda nas disputas judiciais poderia comprometer os bons resultados financeiros conquistados recentemente, além de expor a Bombril a elevados riscos relacionados à percepção da sua capacidade de pagamento por parte de fornecedores e financiadores, podendo até afetar suas relações comerciais e resultar no vencimento antecipado de dívidas.
Após essa reavaliação, a administração da Bombril decidiu pelo reconhecimento contábil dos valores discutidos nos processos judiciais e adotou as medidas necessárias para lidar com a situação.
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