Trump aumenta para 25% tarifas sobre importação de aço e alumínio
Presidente norte-americano também cancelou isenções e cotas de isenção para grandes fornecedores como Brasil, Canadá e México
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (10/02) um aumento significativo nas tarifas sobre as importações de aço e alumínio, elevando para 25% a tarifa sobre o aço e para 25% a de alumínio, que anteriormente eram de 10%. A medida também revogou as isenções e cotas que permitiam a entrada desses produtos sem impostos, afetando grandes fornecedores como Brasil, Canadá e México.
Trump assinou ordens executivas que restabelecem as tarifas de segurança nacional para proteger as indústrias americanas de aço e alumínio, que estavam sendo enfraquecidas pelas exclusões de produtos e acordos de cotas. Além disso, o presidente implementou um novo padrão exigindo que o aço importado seja "fundido e vertido" e que o alumínio seja "fundido e moldado" na região, com o intuito de reduzir a importação de aço chinês minimamente processado nos Estados Unidos.
As novas medidas visam fortalecer os produtores nacionais e aumentar a produção doméstica, além de reforçar a segurança econômica e nacional do país, de acordo com Peter Navarro, conselheiro comercial de Trump.
— Essas tarifas acabarão com o 'dumping' estrangeiro e garantirão que a indústria de aço e alumínio seja a espinha dorsal da segurança econômica e nacional dos Estados Unidos — afirmou Navarro.
A decisão de Trump também gerou preocupações sobre uma possível escalada nas tensões comerciais, com alertas de retaliação por parte de parceiros comerciais. O presidente mencionou que, além dessa ação, mais tarifas recíprocas seriam anunciadas ainda nesta semana.
O governo brasileiro ainda não se pronunciou. Mais cedo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad disse que o governo federal aguardava o governo dos Estados Unidos oficializar a taxação para se manifestar sobre o tema. Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil pode usar a lei da reciprocidade, aumentando as taxas de produtos estadunidenses consumidos pelo Brasil.
— O mínimo de decência que merece um governo é utilizar a lei da reciprocidade — disse em entrevista a rádios de Minas Gerais.
Brasil é o 2º maior fornecedor de aço dos EUA
De acordo com dados atualizados do Departamento de Comércio dos Estados Unidos (DOC), o Brasil é um dos países mais impactados pela tarifa de 25% sobre as importações de aço. Em 2024, o Brasil foi o segundo maior fornecedor do metal para os EUA, atrás apenas do Canadá. Durante o ano, o Brasil exportou 4,08 milhões de toneladas de aço, representando 15,5% do total importado pelos Estados Unidos, o que equivale a US$ 2,99 bilhões.
Os maiores fornecedores de aço dos EUA, além do Brasil, são México (12,4%), Coreia do Sul (9,7%) e Vietnã (4,5%). O Canadá liderou a lista com 22% de todas as importações de aço dos EUA em 2024, totalizando 5,95 milhões de toneladas, ou US$ 7,13 bilhões em exportações.
Esses dados são provenientes da International Trade Administration (ITA), uma agência do Departamento de Comércio dos EUA que monitora as práticas comerciais do país com o resto do mundo. O volume de aço brasileiro importado pelos EUA aumentou 14,11% de 2023 para 2024, o que levou o Brasil a ultrapassar o México e se consolidar como o segundo maior fornecedor de aço ao mercado americano.
Essa medida de Trump faz parte de uma série de ações protecionistas, e na semana passada ele já havia imposto uma tarifa de 10% sobre produtos chineses, o que gerou represálias por parte de Pequim. A nova tarifa sobre o aço poderá trazer consequências para a indústria brasileira, já que os EUA são um dos maiores destinos para o aço nacional.
Além do aço, Trump também anunciou uma tarifa de 25% sobre o alumínio, afetando especialmente o Canadá, o maior fornecedor desse material. Em 2024, o Canadá forneceu 58,1% de todo o alumínio importado pelos EUA, totalizando US$ 9,4 bilhões. Outros grandes fornecedores de alumínio são os Emirados Árabes Unidos (US$ 916,7 milhões) e a China (US$ 809,2 milhões). O Brasil, por sua vez, vendeu US$ 147,2 milhões em alumínio aos EUA, ocupando a 14ª posição entre os fornecedores.
Essa não é a primeira vez que Trump impõe tarifas sobre os setores de aço e alumínio. Em 2018, o presidente republicano já havia estabelecido uma tarifa de 25% sobre importações de aço e de 10% sobre o alumínio, com justificativas relacionadas à segurança nacional. Agora, a nova rodada de tarifas amplia as restrições comerciais.
Maiores fornecedores de aço para os EUA (2024)
- Canadá: 5,95 milhões de toneladas (22,7%)
- Brasil: 4,08 milhões de toneladas (15,6%)
- México: 3,19 milhões de toneladas (12,2%)
- Coreia do Sul: 2,55 milhões de toneladas (9,7%)
- Vietnã: 1,24 milhão de toneladas (4,7%)
- Japão: 1,07 milhão de toneladas (4,1%)
- Alemanha: 974 mil toneladas (3,7%)
- Taiwan: 918 mil toneladas (3,5%)
- Holanda: 557 mil toneladas (2,1%)
- China: 470 mil toneladas (1,8%)
Fonte: Departamento de Comércio dos EUA
Maiores fornecedores de alumínio para os EUA (2024)
- Canadá: 3,15 milhões de toneladas (58,1%)
- Emirados Árabes Unidos: 347 mil toneladas (6,4%)
- China: 223 mil toneladas (4,1%)
- Coreia do Sul: 214 mil toneladas (3,9%)
- Bahrein: 201 mil toneladas (3,7%)
- Argentina: 176 mil toneladas (3,2%)
- Índia: 160 mil toneladas (2,9%)
- Austrália: 83 mil toneladas (1,5%)
- México: 81 mil toneladas (1,5%)
- Omã: 68 mil toneladas (1,3%)
- Tailândia: 65 mil toneladas (1,2%)
- Turquia: 48 mil toneladas (0,9%)
- Catar: 44 mil toneladas (0,8%)
- Brasil: 43 mil toneladas (0,8%)
Fonte: Departamento de Comércio dos EUA
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