‘Acho que haverá tarifas dos EUA sobre produtos do Brasil’, diz presidente da bancada do agronegócio
Para Pedro Lupion, demandas brasileiras como aumento da cota de carne bovina exportada aos EUA sem imposto e maior cota de açúcar isento poderão ser negociadas em contrapartidas em caso de eventual imposição de tarifas
Lupion espera que o Itamaraty esteja preparado para lidar com esse tipo de negociação com os norte-americanos O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), acredita que os Estados Unidos deverão impor tarifas sobre produtos agropecuários brasileiros, uma prática que já vem sendo adotada pelo governo de Donald Trump com outros países.
— Acho que haverá tarifas. Não é nada imprevisível, pois já tivemos problemas comerciais com os Estados Unidos em vários momentos, como os casos emblemáticos do algodão, camarão, do suco de laranja — afirmou Lupion, em entrevista a jornalistas, após participar de uma reunião com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.
O deputado ainda fez questão de destacar que o Brasil precisa estar atento a essa questão e que não se surpreenderia com uma represália por parte dos Estados Unidos.
— Precisamos estar muito atentos a essa questão, mas não imagino que não haja algum tipo de represália dos Estados Unidos — disse.
Lupion espera que o Itamaraty esteja preparado para lidar com esse tipo de negociação com os norte-americanos. Ele também mencionou a longa disputa entre Brasil e Estados Unidos sobre questões relacionadas ao açúcar e ao etanol. O Brasil busca ampliar a cota de açúcar exportada para os EUA sem imposto, enquanto os norte-americanos defendem uma redução no imposto do etanol brasileiro, atualmente fixado em 18%.
— É uma briga antiguíssima. Não há previsão nenhuma de que se reverta, lembrando que é perfil dos americanos o protecionismo sobre o seu mercado — ressaltou o presidente da FPA.
Ao ser questionado sobre a possibilidade de negociações entre o presidente Lula e Donald Trump, Lupion foi enfático:
— Ele (Trump) está lá e o Lula está aqui. Não há previsão disso mudar tão logo. Então, eles vão ter que sentar e negociar — afirmou, apontando a necessidade de uma negociação bilateral entre os dois países, dados os desafios em comum, como a busca por alimentos mais baratos e a geração de emprego.
— São duas potências produtivas. São grandes países que têm protagonismo nas Américas e eles precisam sentar e negociar. É uma questão de mercado e uma negociação bilateral terá que acontecer — completou Lupion.
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