Marina Colasanti, escritora, poeta, tradutora e um dos maiores nomes da literatura infantojuvenil brasileira, faleceu nesta terça-feira (28/01), aos 87 anos, em sua casa no Rio de Janeiro. Reconhecida mundialmente, sua obra transita entre gêneros diversos, como poemas, narrativas curtas, crônicas, contos de fadas e histórias infantis, sempre permeados por um profundo olhar sobre a alma humana.

Nascida em 1937, em Asmara, na Eritreia, Marina era filha de italianos e viveu uma infância marcada por mudanças constantes devido aos conflitos da Segunda Guerra Mundial. Passou pela Líbia, Itália e, em 1948, estabeleceu-se no Brasil com a família. No Rio de Janeiro, morou na icônica mansão que hoje abriga o Parque Lage, onde começou a estudar artes plásticas e gravura.

Marina iniciou sua carreira como jornalista, atuando em veículos como Jornal do Brasil, Manchete e Claudia. Sua estreia literária aconteceu em 1968, com Eu Sozinha, uma coletânea de crônicas que já revelava um olhar feminista e sensível, trazendo a mulher e a solidão feminina como protagonistas.

Revolução na literatura infantil

Embora sua produção literária adulta seja marcante, Marina Colasanti conquistou notoriedade pela abordagem inovadora na literatura infantil. Inspirada por clássicos dos irmãos Grimm, Perrault e La Fontaine, Marina rompeu com os recontos açucarados e comerciais, oferecendo narrativas que respeitavam a inteligência da criança.

Em 1979, publicou Uma Ideia Toda Azul, obra que se tornou referência no gênero, seguida por títulos icônicos como Doze Reis e a Moça no Labirinto do Vento (1982), Ana Z, Aonde Vai Você? (1993) e A Moça Tecelã (2004). Segundo a autora, “um texto para crianças não precisa ensinar nada, apenas encantar”.

Sua visão inovadora rendeu dezenas de prêmios, como mais de 20 troféus da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), diversos Jabutis e, em 2023, o Prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras pelo conjunto da obra.

Legado imortal

Marina Colasanti deixa um vasto legado literário que ultrapassa gerações e fronteiras. Finalista do Hans Christian Andersen, considerado o Nobel da literatura infantil, sua obra continuará inspirando leitores de todas as idades, conectando crianças e adultos às profundezas do imaginário e às verdades humanas. Com sua partida, a literatura brasileira perde uma de suas vozes mais singulares e universais.

Confira algumas obras de Marina Colasanti:

• Eu Sozinha (1968)
• Nada de Manga (1975)
• Zoológico (1975)
• A Morada do Ser (1978)
• Uma Ideia Toda Azul (1978)
• Doze Reis e a Moça no Labirinto do Vento (1978)
• A Menina Arco-Íris (1984)
• O Lobo e o Carneiro no Sonho da Menina (1985)
• E Por Falar em Amor (1985)
• O Verde Brilha no Poço (1986)
• Contos de Amor Rasgado (1986)
• Um Amigo Para Sempre (1988)
• Aqui Entre Nós (1988)
• O Menino Que Achou Uma Estrela (1988)
• Cada Bicho Seu Capricho (1992)
• Um Amor Sem Palavras (1995)
• Longe Como o Meu Querer (1997)
• Gargantas Abertas (1998)
• Fragatas Para Terras Distantes (2004)
• Uma Estrada Junto ao Rio (2005)
• Acontece na Cidade (2005)
• Minha Ilha Maravilha (2007)
• Passageira em Trânsito (2010)
• Hora de Alimentar Serpentes (2013)
• Como Uma Carta de Amor (2014)
• Mais de Cem Histórias Maravilhosas (2015)
• Melhores Crônicas – Marina Colasanti (2016)
• Tudo Tem Princípio e Fim (2017)