O ministro da Agricultura e Pecuária (Mapa), Carlos Fávaro, afirmou nesta segunda-feira (25/11), em entrevista à Folha de S. Paulo, que a paralisação das vendas de carne bovina ao Carrefour, que já vinha sendo adotada pelos frigoríficos brasileiros, agora se estende aos produtores de carne de frango.

De acordo com Fávaro, a medida será mantida até que a rede varejista faça uma retratação formal e global, revendo sua postura em relação à compra de carnes brasileiras. O ministro reforçou que a decisão do setor tem o apoio total do Ministério da Agricultura e da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), que representa 43 empresas responsáveis por 98% das exportações de carne do Brasil.

A polêmica começou quando o CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, anunciou que a varejista deixaria de comprar carne do Mercosul, o que inclui o Brasil, sob a alegação de questões ambientais e sanitárias. Essa postura foi amplamente criticada por entidades do setor de proteínas animais, analistas de mercado e pelo próprio ministro Fávaro, que classificaram a decisão como uma atitude protecionista.

Fávaro, em sua declaração à Folha, afirmou que a medida do Carrefour é uma tentativa de alinhar-se ao movimento de agricultores franceses que se opõem ao acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. "Se ele [o CEO do Carrefour] não quer comprar os produtos brasileiros, é simples, não compra. Agora, dizer que nossa carne não tem qualidade sanitária? Faz 40 anos que a França compra carne do Brasil. E agora faz isso? Não vamos admitir isso, porque o que temos de mais valioso é a qualidade sanitária da nossa carne. Isso nos abriu portas em mercados ao redor do mundo", afirmou Fávaro.

Além disso, o Grupo Carrefour Brasil já reconheceu, por meio de nota, os impactos da interrupção do fornecimento de carne pelas indústrias brasileiras, após grandes frigoríficos, como JBS, Marfrig e Masterboi, suspenderem as entregas de seus produtos às unidades do Carrefour no Brasil.