Polícia Civil do RS prende hacker que ameaçava colocar bomba no STF
Investigado também ameaçou de morte o ministro Alexandre de Moraes e oito parlamentares federais. Policiais checam se ele tem relação com o homem morto em explosão em Brasília na noite de quarta-feira
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul prendeu, na manhã desta quinta-feira (14/11), em Jundiaí (SP), um homem de 36 anos que estava sendo investigado por ameaçar colocar bombas no Supremo Tribunal Federal (STF). O hacker foi encontrado após uma operação conjunta do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), que também cumpriu mandados de busca e apreensão de computadores e outros materiais. Ele é suspeito de integrar um grupo extremista de direita que se comunica pela Deep Web, uma rede anônima da internet. A prisão ocorre em meio ao atentado com explosivos caseiros contra o STF, realizado por Francisco Wanderley, de Rio do Sul (SC). As informações são da Zero Hora e Polícia Civil.
Durante a investigação, as autoridades interceptaram outras mensagens do hacker, nas quais ele também ameaçava o Congresso Nacional e o Museu de Arte de São Paulo (MASP). Além disso, o homem fez ameaças de morte contra o ministro do STF Alexandre de Moraes e oito parlamentares federais.
O hacker, que utilizava um serviço de e-mail com provedor na Suíça, onde não há colaboração com as autoridades brasileiras, estava sendo monitorado há meses. A Polícia Civil ainda investiga se há uma ligação entre ele e Francisco Wanderley, o homem que se explodiu no STF.
— Vamos verificar se o catarinense que se explodiu no STF fazia parte dos grupos extremistas aos quais o nosso suspeito paulista também pertence. Precisamos saber se há alguma relação entre os dois — afirmou a delegada Vanessa Pitrez Corrêa, diretora do Deic.
Terrorismo, homofobia e racismo
A investigação, denominada "Operação Deus Vult", foi coordenada pelos delegados João Vitor Heredia e Filipe Borges Bringhenti. O nome da operação faz referência a uma expressão usada pelo hacker ao final de suas ameaças, "Deus Vult" ("Deus o quer!", em latim), que remonta aos tempos das Cruzadas, quando os guerreiros cristãos utilizavam esse grito de guerra durante as batalhas contra o Islã, no século XI.
O suspeito é acusado de praticar terrorismo, fazer ameaças de morte, além de incitar racismo, homofobia e extremismo religioso. A investigação teve início quando o hacker enviou mensagens ameaçadoras à deputada estadual Bruna Liege da Silva Rodrigues (PCdoB-RS), nas quais ele falava em agressão sexual e ameaçava matar a filha da parlamentar, além de proferir ofensas raciais, já que Bruna é negra.
Em um dos e-mails enviados, o hacker escreveu: "Sua macaca esquerdista maldita, vou estuprar...". Em outro, endereçado a Alexandre de Moraes, ele disse: "Iremos explodir o STF com todos dentro. Este é o aviso de um grupo de brasileiros, patriotas, que não irão aceitar o golpe. Temos aproximadamente 20 kg de explosivo PETN e estamos prontos e instruídos a usar. Espero que vocês estejam preparados para recolher pedaços de corpos, principalmente negros, nordestinos e homossexuais."
Além de Bruna Rodrigues, o hacker também ameaçou de morte outros parlamentares, como os deputados federais Guilherme Boulos (Psol-SP), Talíria Petrone (Psol-RJ), Daiane Santos (PCdoB-RS), Sílvia Cristina Chagas (PP-RO), e os vereadores Beatriz Caminha dos Santos (PT-Belém) e Cida Falabella (Psol-BH), além do senador Magno Malta (PL-ES).
Prisão e investigações
Os investigadores gaúchos apreenderam diversos equipamentos eletrônicos na residência do hacker. Durante a análise dos materiais, descobriram que o nome utilizado nos e-mails já estava vinculado a várias outras ameaças desde 2020, com registros de ocorrência sendo investigados pela Polícia Civil e pela Polícia Federal. A polícia também identificou que o hacker utilizava o nome de vizinhos para disfarçar suas ameaças.
A prisão do hacker foi possível após a quebra de IP dos computadores utilizados por ele, com o apoio da Polícia Federal da Suíça. Com base nas evidências coletadas, o homem foi preso em flagrante. Agora, os casos de ameaças ao STF, ao Senado Federal e ao Aeroporto de Cumbica (Guarulhos, SP) estão sendo investigados pela Polícia Federal, que dará continuidade à análise dos equipamentos apreendidos. As provas obtidas serão compartilhadas com outras instituições que conduzem investigações sobre ameaças semelhantes.
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