Após cinco anos, Brasil recupera status de livre do sarampo
País não registra transmissão local desde junho de 2022
Após cinco anos desde a perda do certificado de eliminação do sarampo, o Brasil recuperou o status de país livre da doença. A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) oficializou o reconhecimento na última quinta-feira (7/11), e o anúncio foi feito nesta terça-feira (12/11) durante cerimônia com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, na sede da Opas em Brasília.
O Brasil não registra ocorrências de transmissão local do sarampo desde junho de 2022, quando foi confirmado o último caso, no Estado do Amapá. Em 2024, o país detectou apenas dois casos da doença, ambos envolvendo pessoas que contraíram o vírus fora do Brasil e sem gerar transmissão secundária, sendo um no Rio de Janeiro e outro no Rio Grande do Sul.
Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), destacou dois fatores principais para o Brasil alcançar o status de livre de sarampo: o aumento na cobertura vacinal e o manejo rápido dos casos suspeitos. Kfouri ressaltou que, para ser considerado livre do sarampo, um país precisa garantir altas taxas de vacinação e uma vigilância epidemiológica eficaz, que inclui a investigação de casos suspeitos, o monitoramento de contatos e a vigilância em áreas de fronteira.
- Na última visita da comissão de verificação ao Brasil, várias recomendações foram feitas e todas foram atendidas. Conseguimos a recertificação devido ao novo patamar do país, não apenas em relação à cobertura vacinal, mas também à vigilância de casos suspeitos - afirmou Kfouri.
Apesar da conquista, o Brasil segue em alerta. Em 2023, a Organização Mundial da Saúde (OMS) registrou mais de 300 mil casos de sarampo no mundo, um aumento de 79% em relação ao ano anterior. Kfouri lembrou que o vírus não está controlado em muitos outros continentes, o que aumenta a chance de o sarampo ser introduzido novamente no país.
- É muito comum que o sarampo entre no Brasil, então precisamos continuar fazendo a nossa parte afirmou.
Sarampo: uma doença perigosa
O sarampo é uma doença infecciosa grave causada por um vírus altamente contagioso. A transmissão ocorre rapidamente, principalmente por gotículas expelidas ao tossir, falar, espirrar ou até respirar próximo de outras pessoas. A vacinação é a forma mais eficaz de prevenção, interrompendo a disseminação do vírus e protegendo a população.Historicamente, o sarampo foi uma das principais causas de morte infantil, mas a situação começou a melhorar com políticas de vacinação. O Brasil implementou o Plano Nacional de Eliminação do Sarampo em 1992, o que resultou na eliminação da doença em 2016, quando o país foi oficialmente reconhecido como livre de sarampo pela Opas. No entanto, em 2018, o vírus voltou a circular no país devido ao fluxo migratório de países vizinhos e às baixas taxas de vacinação, culminando na perda do título de país livre da doença em 2019.
Desde 2019, os números de sarampo no Brasil têm diminuído significativamente. Em 2019, o país registrou mais de 20.900 casos, enquanto em 2022 esse número caiu para apenas 41. Desde então, o Brasil não registrou mais nenhum caso de transmissão local. Em 2024, o país atingiu a marca de dois anos sem casos de sarampo em território nacional, consolidando a recuperação do status de livre da doença
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