O aguardado filme brasileiro Ainda Estou Aqui  estreou nos cinemas nesta quinta-feira (7/11). Dirigido por Walter Salles, a longa conta a trajetória de Eunice Paiva, uma defensora e ativista dos Direitos Humanos, interpretada por Fernanda Montenegro e Fernanda Torres, mãe e filha também na vida real. A trama é baseada na história real de Eunice, viúva do deputado cassado Rubens Paiva, desaparecido durante uma ditadura militar.

Escolhido por decisão unânime da Academia Brasileira de Cinema, Ainda estou Aqui foi apontado como o representante do Brasil para concorrer a uma vaga na categoria de Melhor Filme Internacional do Oscar 2025. A presidente da Academia, Bárbara Paz, elogiou a escolha, classificando a produção como uma "obra-prima" e destacando a relevância do filme para o cinema nacional.

"Esse é um momento histórico para o nosso cinema. Não tenho dúvidas de que esse filme tem grandes chances de colocar o Brasil de novo entre os melhores do mundo. Nós, da indústria do audiovisual brasileiro, merecemos isso”, declarou Paz em comunicado.

Uma narrativa de coragem e resiliência

Ainda estou aqui é uma adaptação do livro autobiográfico de Marcelo Rubens Paiva, filho de Eunice e Rubens Paiva. O filme explora a luta de Eunice, que precisou se reinventar após a prisão e o desaparecimento do marido durante o regime militar. Em uma jornada marcada pela resiliência, Eunice dedicou sua vida aos Direitos Humanos, emergindo como uma das principais vozes contra as atrocidades da ditadura. Nos anos seguintes, ela ainda descobriu o diagnóstico de Alzheimer, que trouxe novos desafios e um olhar introspectivo sobre a vida.

A produção reúne um elenco de peso: além de Fernanda Montenegro e Fernanda Torres, que divide o papel de Eunice Paiva em diferentes fases da vida, o ator Selton Mello interpreta Rubens Paiva. Com uma performance já elogiada pela crítica, Fernanda Torres é inclusive apontada como uma potencial candidata ao Oscar, reforçando as expectativas de uma presença brasileira entre os indicados da premiação.

Reencontro de Walter Salles e Fernanda Montenegro

Para o diretor Walter Salles, Ainda Estou Aqui marca um reencontro importante. Em 1998, Salles e Fernanda Montenegro trabalharam juntos na Central do Brasil , filme que conquistou o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro e uma indicação ao Oscar na mesma categoria, além de uma indicação para Fernanda como Melhor Atriz. Esse foi o último momento em que o Brasil teve grande visibilidade na estreia. A parceria entre Salles e Montenegro ressurge agora com a esperança de repetir o sucesso e, quem sabe, quebrar o longo jejum de frequência brasileira ao Oscar.

Disputa acirrada e expectativas altas

Para representar o país, Ainda Estou Aqui superou outras produções nacionais de destaque, como Cidade Campo , de Juliana Rojas, Motel Destino , de Karim Aïnouz, e Levante , de Lillah Halla. A decisão reflete a confiança da Academia Brasileira de Cinema na qualidade da obra e na possibilidade de conquistar o público e os votantes da Academia de Hollywood.

A primeira lista de pré-selecionados ao Oscar será divulgada em 17 de dezembro, momento aguardado com ansiedade pela equipe e pelos fãs do cinema brasileiro. A estreia de Ainda Estou Aqui reforça a aposta do Brasil em uma produção que tem talento, história e relevância, prometendo emocionar o público internacional e, com sorte, ganhar um lugar entre os grandes do cinema mundial.