Bruno Henrique é alvo de operação por manipulação de jogo em apostas esportivas
Atacante do Flamengo é investigado por ter manipulado partida contra o Santos em 2023, favorecendo apostas familiares
O atacante Bruno Henrique, do Flamengo, é um dos alvos de uma operação da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT), que investiga um esquema de manipulação de resultados de partidas de futebol com o objetivo de beneficiar apostas esportivas. A operação foi deflagrada na manhã desta terça-feira (5/11) e apura o envolvimento do jogador em um caso de manipulação durante o confronto entre Flamengo e Santos no Campeonato Brasileiro de 2023. As informações são da CNN.
Manipulação no jogo contra o Santos
O incidente investigado ocorreu no dia 1º de novembro de 2023, durante a partida entre Flamengo e Santos, válida pela 31ª rodada do Campeonato Brasileiro. Bruno Henrique, segundo as investigações, agiu deliberadamente para ser punido com cartões amarelo e vermelho durante a partida, com o objetivo de permitir que familiares apostassem no evento e lucrassem com a punição. O Santos venceu o Flamengo por 2 a 1 naquele jogo, disputado no Estádio Mané Garrincha, em Brasília.
De acordo com as investigações, Bruno Henrique recebeu um cartão amarelo aos 44 minutos do segundo tempo após uma entrada em um adversário, e logo depois foi expulso por ofender o árbitro. A ação teria sido premeditada para favorecer apostas específicas feitas por seus familiares, que já sabiam da intenção do jogador. As apostas focavam na possibilidade de ele receber cartões durante a partida.
Apostadores e mandados de busca
A operação, que envolve mais de 50 policiais federais, cumpre 12 mandados de busca e apreensão em várias cidades, incluindo Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Vespasiano (MG), cidades ligadas ao jogador. Entre os alvos da investigação estão familiares de Bruno Henrique, como seu irmão, cunhada e prima, além de outras pessoas com vínculos no futebol, como ex-jogadores e atletas amadores.
Os mandados de busca são cumpridos em diversos endereços, incluindo a residência de Bruno Henrique na Barra da Tijuca (RJ), a sede de empresas das quais ele é sócio e até no Centro de Treinamento do Flamengo, o Ninho do Urubu, onde o jogador treina.
Apostas direcionadas e irregularidades identificadas
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) identificou um padrão de apostas incomum antes do jogo entre Flamengo e Santos. Relatórios da CBF apontam que, em várias casas de apostas, houve um volume elevado e concentrado de apostas na possibilidade de Bruno Henrique ser punido com cartões durante a partida, o que indicava que os apostadores já sabiam do que aconteceria.
As investigações revelaram que as apostas nas quais Bruno Henrique era o alvo da punição representavam quase 90% do total de apostas feitas em algumas plataformas, um número muito acima da média histórica de 20% nos dois anos anteriores. Além disso, algumas contas de apostas foram criadas na véspera do jogo e realizadas apenas uma única aposta, com valores máximos, indicando que as apostas foram feitas de forma estratégica e direcionada.
Consequências legais e possíveis acusações
A operação, batizada de "SPOT-FIXING", investiga práticas de manipulação de aspectos específicos do jogo, como a obtenção de cartões, sem alterar o resultado final da partida. Esse tipo de manipulação é ilegal e pode resultar em diversas acusações, incluindo fraude esportiva, corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa.
Além de Bruno Henrique, outros envolvidos no esquema podem ser processados com base na Lei Geral do Esporte, que criminaliza a manipulação de resultados em competições esportivas.
A operação está sendo conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Distrito Federal, com o apoio dos Gaecos do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e de Minas Gerais (MPMG), além da Polícia Federal. Até o momento, os investigadores apreenderam celulares, computadores e outros itens pessoais dos suspeitos.
A CNN entrou em contato com todos os alvos da operação, mas a assessoria de Bruno Henrique informou que o jogador não fará comentários sobre o caso.
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