Fepam: Estação de Triunfo é a única que mede poluente da fumaça mais prejudicial à saúde
O material particulado fino, conhecido como MP2,5, pode atingir a corrente sanguínea. "É um poluente extremamente preocupante para a saúde", afirma pesquisadora.
A presença da fumaça das queimadas que devastam o Brasil é evidente no Rio Grande do Sul. A percepção de que o ar está ruim para respirar é generalizada. No entanto, a real dimensão dos impactos dessa poluição na saúde da população ainda é difícil de mensurar. As informaçoes são do Sul21.
A Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), responsável pelo monitoramento da qualidade do ar no estado, possui apenas cinco estações de monitoramento em toda a região. Todas localizadas na área metropolitana, deixando o interior sem dados precisos. Dentre essas, apenas a estação de Triunfo mede o MP2,5, um dos principais poluentes associados às queimadas.
Os incêndios, principalmente concentrados nos estados do Amazonas, Pará e Mato Grosso, além de Bolívia e Paraguai, emitem diferentes tipos de material particulado. O MP10, com partículas menores que 10 micrômetros, é monitorado nas estações de Canoas, Esteio, Gravataí, Guaíba e Triunfo. Porém, a medição do material particulado fino, o MP2,5, que é ainda mais prejudicial, é realizada exclusivamente na estação do polo petroquímico de Triunfo, administrada pela Braskem.
- Quanto menor o tamanho da partícula, mais ela penetra no organismo, podendo atingir a corrente sanguínea. Isso torna o monitoramento do MP2,5 essencial, pois quanto mais fino o poluente, maior o risco à saúde - explica Helen Sousa, pesquisadora do Instituto Energia e Meio Ambiente. - O MP2,5 é um poluente extremamente preocupante para a saúde - complementa.
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) já recomenda o monitoramento do MP2,5 desde 2018.
Helen destaca o exemplo de São Paulo, onde a maioria das estações de monitoramento utiliza a concentração do MP2,5 como referência. Em alguns casos, o MP10 pode estar classificado como “moderado” ou “ruim”, mas a qualidade do ar é considerada “muito ruim” devido aos altos níveis de MP2,5.
- Por isso, é fundamental termos acesso a essas informações, especialmente em situações de queimadas, onde a emissão de partículas finas é mais acentuada. A falta de dados específicos desse poluente nos deixa em desvantagem - analisa a pesquisadora.
Helen questiona o motivo das outras quatro estações de monitoramento do RS não registrarem o MP2,5 e sugere uma reavaliação dos objetivos dessas estações.
- Como podemos monitorar a exposição crônica da população? Sabemos que o ar está ruim agora, mas, ao monitorarmos o ano todo, perceberíamos que estamos longe dos padrões de qualidade da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Ela defende a necessidade de análises contínuas da qualidade do ar, permitindo avaliações mais completas e a criação de relatórios anuais.
- Falta informação para discutir a qualidade do ar e entender o quanto estamos distantes das recomendações da OMS, que define o que é seguro para a população.
Boletiom da Fepam
De acordo com o boletim da Fepam de quinta-feira (12/09), os Índices da Qualidade do Ar (IQAr) nas estações de Esteio, Canoas, Gravataí e Guaíba foram classificados como "bom". Na estação de Triunfo, que mede o MP2,5, o índice foi considerado "moderado".
A qualidade do ar é considerada "boa" quando o índice fica abaixo de 40 IQAr. Entre 41 e 80, a classificação é "moderada", e de 81 a 120, o ar passa a ser considerado "ruim".
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