Morre o pianista Sergio Mendes, ícone da música brasileira, aos 83 anos
Artista foi o principal expoente do samba-jazz. Sua versão de "Mas Que Nada", originalmente composta por Jorge Ben Jor, foi hit nos Estados Unidos
Artista foi o principal expoente do samba-jazz O pianista Sergio Mendes, uma das figuras mais emblemáticas da música brasileira no cenário internacional, faleceu nesta sexta-feira (6), aos 83 anos, em Los Angeles, EUA. A informação foi confirmada por familiares ao jornal O Globo, mas a causa da morte não foi divulgada. Desde o ano passado, Mendes enfrentava complicações decorrentes de problemas respiratórios.
Nascido em Niterói, Rio de Janeiro, em 1941, Mendes iniciou seus estudos de piano ainda criança com a intenção de se tornar um músico clássico. No entanto, seu amor pelo jazz rapidamente o desviou para novas direções. Nos anos 1950 e 1960, começou sua carreira ao lado de grandes nomes como Tom Jobim, Vinicius de Moraes e Baden Powell.
Seu álbum de estreia, Dance Moderno, lançado em 1961, trouxe releituras de músicas como "Oba-lá-lá" (João Gilberto) e "Tristeza de Nós Dois" (Durval Ferreira e Maurício Einhorn). No ano seguinte, fundou o Sexteto Bossa Rio, grupo com o qual se apresentou no renomado Festival de Bossa Nova no Carnegie Hall, em Nova York.
Sucesso Internacional
Sergio Mendes se destacou como o principal expoente do samba-jazz e da bossa nova no cenário mundial. Sua versão de "Mas Que Nada", originalmente composta por Jorge Ben Jor, tornou-se um grande sucesso nos Estados Unidos e integrou trilhas sonoras de filmes como Austin Powers - 000 Um Agente Nada Discreto (1997). Em 2006, a música foi regravada pela banda Black Eyed Peas.
Mendes detém o recorde de mais gravações brasileiras no Top 100 das paradas dos EUA, com 14 músicas alcançando posições notáveis, incluindo "Mas Que Nada", que chegou ao 47º lugar em 1966, e "Olympia", que atingiu o 58º lugar em 1984. Em 1967, sua versão bossa nova de "The Look of Love" chegou ao quarto lugar nas rádios dos EUA, e em 1982, "Never Gonna Let You Go" repetiu a posição.
Com mais de 40 álbuns em sua carreira, Mendes foi premiado com um Grammy na categoria então chamada de "global music" pelo disco Brasileiro (1992), além de dois Grammys Latinos. Em 2012, foi indicado ao Oscar, junto com Carlinhos Brown, pela canção "Real In Rio", do filme Rio (2011).
— "Não é que eu tenha buscado o sucesso nos Estados Unidos, no Brasil, no Japão ou nas Filipinas. A música é assim", disse Mendes em uma entrevista ao O Globo em 2021, destacando seu compromisso em "produzir música para o mundo".
Parcerias Marcantes
Antes de alcançar o sucesso com o Black Eyed Peas, Mendes realizou duas turnês ao lado de Frank Sinatra e colaborou com artistas como John Legend. Essas parcerias são exploradas no documentário Sérgio Mendes no Tom da Alegria (2020), de John Scheinfeld, que conta com depoimentos de músicos como Herb Alpert e o produtor Quincy Jones.
Vida nos EUA
Sergio Mendes vivia em Los Angeles há seis décadas com sua esposa, a cantora Gracinha Leporace. Além de serem um casal, eles eram parceiros musicais, com Leporace atuando na banda de Mendes por mais de 50 anos. O casal decidiu se estabelecer nos Estados Unidos devido à instabilidade no Brasil após o golpe militar de 1964.
Repercussão da Morte
A morte de Sergio Mendes gerou uma onda de homenagens de grandes nomes da música e do entretenimento. Milton Nascimento lembrou da presença de Mendes em um de seus shows em 2022 e o descreveu como um "querido gênio". "Foram muitos anos de amizade, parceria e música, e ele estará para sempre comigo, em meu coração", afirmou o cantor.
A imprensa internacional destacou Mendes como uma lenda da música brasileira e ressaltou suas notáveis parcerias ao longo da carreira.
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