Leite reforça demandas do RS em reunião com Lula sobre apoio pós-enchente
Governador do Rio Grande do Sul apresenta reivindicações para ajustes nas medidas federais e destaca descompasso entre anúncios e efetiva entrega
Na tarde desta quarta-feira (21/08), o governador Eduardo Leite se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto para discutir o apoio do governo federal ao Rio Grande do Sul, que ainda enfrenta os impactos das recentes enchentes. Leite utilizou o encontro para apresentar uma série de demandas e propor ajustes nas medidas federais anunciadas para apoiar o estado.
Em sua fala, Leite afastou qualquer mal-estar com o presidente e expressou seu agradecimento pelo suporte recebido até agora. No entanto, o governador enfatizou que há um "descompasso" entre o que foi anunciado pela União e o que foi efetivamente entregue até o momento. Leite detalhou que a atual situação requer não apenas reconhecimento do que já foi feito, mas também melhorias nas ações em curso.
Demandas e Reivindicações
Leite levou ao encontro uma lista de reivindicações com três pontos principais:
Mudanças no Programa de Manutenção de Empregos e Renda: O governador criticou o programa federal de apoio à manutenção de empregos, que, apesar de ter sido anunciado com um orçamento de R$ 1,2 bilhão, apenas R$ 170 milhões foram acessados até agora. Leite argumentou que as regras atuais do programa são excessivamente rígidas e limitam o acesso dos recursos pelas empresas afetadas pelas enchentes. Ele sugeriu ajustes nas regras para facilitar o acesso ao auxílio e ampliar o alcance do programa, incluindo empresas que não estão diretamente na área de inundação.
Facilitação de Crédito para Empresas: Leite pediu a criação de um fundo garantidor para operações de crédito destinado a empresas endividadas devido às enchentes e outros eventos climáticos. Ele destacou que muitos empreendimentos enfrentam dificuldades em oferecer garantias aos bancos e, portanto, a União poderia atuar como garantidora para facilitar a concessão de empréstimos necessários à recuperação dessas empresas.
Medidas para o Agronegócio: O governador também abordou a necessidade de medidas mais robustas para apoiar o setor agrícola, que vem enfrentando dificuldades não apenas devido às enchentes recentes, mas também devido a eventos climáticos adversos anteriores, como estiagens severas. Leite solicitou a repactuação de programas de apoio aos produtores rurais, que estão sobrecarregados com dívidas acumuladas de safras frustradas.
Resposta de Lula e Avaliação da Reunião
O presidente Lula havia comentado em uma entrevista anterior que o governador "nunca parece satisfeito" e sugeriu que Leite deveria expressar mais agradecimentos pelo suporte oferecido. Em resposta, Leite reafirmou sua gratidão pelo apoio recebido, mas também ressaltou que é seu dever como governador apontar as falhas e solicitar melhorias. Ele explicou que suas críticas visam aprimorar as medidas de apoio e garantir que elas sejam efetivas para a população afetada.
O encontro foi acompanhado pelos ministros Rui Costa (Casa Civil) e Paulo Pimenta (Secretaria Extraordinária da Reconstrução), além de secretários estaduais e o procurador-geral do Estado, Eduardo Cunha da Costa. Pimenta avaliou a reunião como produtiva e destacou a importância de ajustar as ações federais para garantir que o suporte chegue de forma eficaz aos que mais precisam. Ele também ressaltou a necessidade de colaboração contínua entre os níveis federal, estadual e municipal para a execução bem-sucedida das políticas públicas.
Próximos Passos
Durante a reunião, foi decidido agendar um novo encontro com representantes da Casa Civil para discutir a governança e competências dos projetos de contenção de cheias no estado, que receberão um investimento de R$ 6,5 bilhões pelo PAC Seleções. A continuidade dessas discussões será fundamental para alinhar as ações e garantir a eficácia das medidas na reconstrução e prevenção de futuros desastres.
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