Fumaça das queimadas na Amazônia alcança o RS e mais nove estados, agravando a qualidade do ar
A intensificação da temporada de incêndios na Amazônia e no Pantanal, impulsionada pelas mudanças climáticas, tem gerado uma crise ambiental que já afeta dez estados brasileiros,
A intensificação da temporada de incêndios na Amazônia e no Pantanal, impulsionada pelas mudanças climáticas, tem gerado uma crise ambiental que já afeta dez estados brasileiros, incluindo o Rio Grande do Sul. Com a propagação da fumaça, moradores de várias regiões estão enfrentando a piora na qualidade do ar, aumentando os riscos à saúde pública.
Extensão da Fumaça
Imagens do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) revelam a presença de um corredor de fumaça que se estende do Norte ao Sul do Brasil, cruzando também o Peru, Bolívia e Paraguai. Dados divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) indicam que os incêndios na Amazônia estão concentrados principalmente no sul do Amazonas e ao longo da Rodovia Transamazônica (BR-230). Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Amazonas e Pará concentram mais da metade dos focos de incêndio registrados até 18 de agosto de 2024.
Impactos no RS e Outras Regiões
Porto Alegre foi uma das capitais afetadas, com a fumaça densa reduzindo a visibilidade e comprometendo a qualidade do ar. Imagens de satélite da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA) mostram que a fumaça percorreu um longo trajeto, desde Manaus até Porto Alegre. Em Porto Velho (RO), os índices de qualidade do ar atingiram níveis críticos, colocando a população em alerta.
Este fenômeno não é inédito. Em anos anteriores, o Rio Grande do Sul também enfrentou a chegada de fumaça proveniente das queimadas no Pantanal. Contudo, este ano, a situação é agravada pela escassez de chuvas, que impede a dissipação das partículas de poluição.
Riscos à Saúde
A exposição à fumaça das queimadas traz sérios riscos à saúde. A Fiocruz Amazônia emitiu um alerta para o uso de máscaras com filtro em Manaus, a fim de minimizar os impactos respiratórios. Segundo o epidemiologista Jesem Orellana, a inalação prolongada dessas partículas pode agravar condições como asma, bronquite e outras doenças respiratórias e cardiovasculares.
A meteorologista Estael Sias, da MetSul, explicou que o fenômeno, conhecido como "rios voadores", transporta a fumaça por grandes distâncias. Embora a visibilidade em Porto Alegre não esteja tão comprometida quanto em Manaus e Porto Velho, o céu cinzento e o alaranjado da Superlua observada na segunda-feira (19) indicam a presença das partículas de fuligem na atmosfera.
Perspectivas
A expectativa é que a chegada de uma massa de ar polar ao Sul do Brasil na próxima quinta-feira (22) traga temporais e rajadas de vento que possam limpar a atmosfera, aliviando temporariamente a situação no Rio Grande do Sul. Entretanto, nas regiões Norte, em Mato Grosso e na Bolívia, a previsão é de que a densa fumaça persista por mais alguns dias, prolongando os impactos ambientais e à saúde.
A crise das queimadas na Amazônia e no Pantanal expõe a vulnerabilidade do Brasil às mudanças climáticas e reforça a necessidade de políticas efetivas de combate aos incêndios florestais e de preservação ambiental.
COMENTÁRIOS