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São Jerônimo, RS, 12/09/2024

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Brasil já perdeu 33% das áreas naturais de seu território

Pampa tem perda proporcional muito alta, praticamente 28% do que havia em 1985

Marcelo Camargo / Agencia Brasil
Brasil já perdeu 33% das áreas naturais de seu território Dados são do levantamento da MapBiomas, divulgados nesta quarta-feira
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Agência Brasil

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A cobertura e o uso da terra pela ação do homem no Brasil continuam a mudar, aumentando os riscos climáticos, aponta um mapeamento divulgado nesta quarta-feira (21/08) pela MapBiomas. De acordo com o estudo, que analisa dados de 1985 a 2023, o país já acumula um saldo negativo de 33% das áreas naturais de seu território, incluindo a vegetação nativa dos biomas, superfície de água e áreas naturais não vegetadas, como praias e dunas.

— A perda da vegetação nativa nos biomas brasileiros tende a impactar negativamente a dinâmica do clima regional e diminui o efeito protetor durante eventos climáticos extremos — explica o coordenador geral do MapBiomas, Tasso Azevedo.

Nos últimos 39 anos, o Brasil perdeu 110 milhões de hectares dessas áreas, o que equivale a 13% do território do país; os outros 20% já haviam sofrido mudança anteriormente. Esse resultado também leva em consideração o mapeamento de vegetação nativa recuperada a partir de 2008, quando o Código Florestal foi regulamentado pelo Decreto nº 6.514, que estabeleceu mecanismos de sanção e compensação por danos ambientais.

Municípios

Enquanto no território de 37% dos municípios brasileiros houve ganho de vegetação nativa, 45% — quase metade dos 5.570 municípios do país — tiveram saldo negativo na cobertura de área natural no período. Os outros 18% se mantiveram estáveis entre 2008 e 2023, ou seja, o saldo entre o ganho e a perda das áreas naturais foi menor que 2% ao longo do período.

— A vegetação secundária já está classificada como floresta, incluída na área nativa em 2023. Então, ela pode ter sido desmatada ou ter sofrido uma queima severa e foi mapeada como pastagem, mas depois que ela se recupera, volta a ser considerada floresta — informou o coordenador técnico da MapBiomas, Marcos Reis Rosa.

Os dados da Coleção 9 de mapas anuais de cobertura e uso da terra foram consolidados a partir do monitoramento de 29 mapas com análises da cobertura do solo e uso da terra, a partir de diferentes recortes de território, como biomas, municípios, terras públicas e privadas. Na publicação, há novos mapas, como o recorte de fitofisionomias, que são as características das vegetações regionalizadas.

Biomas

A partir desse volume de informação, os pesquisadores concluíram que o Brasil manteve até 2023 apenas 64,5% da vegetação nativa, além das superfícies de água e áreas naturais não vegetadas, como praias e dunas, que correspondem a 2,5% do seu território. Dos 110 milhões de hectares de vegetação nativa suprimida, 55 milhões de hectares foram na Amazônia, 38 milhões de hectares no Cerrado, a Caatinga perdeu 8,6 milhões de hectares, e 3,3 milhões de hectares foram perdidos no Pampa.

No Pantanal, houve uma perda significativa na superfície de água, que em 1985 representava 21% dos 15,1 milhões de hectares do bioma no Brasil. Em 2023, a água passou a representar apenas 4% do território pantaneiro. Já as áreas de vegetação herbácea e arbustiva aumentaram de 36% em 1985 para 50% do bioma em 2023.

De acordo com o pesquisador Eduardo Vélez Martin, os dados disponibilizados na plataforma MapBiomas permitem compreender a dinâmica territorial de maior ou menor aceleração da taxa de perda ao longo do tempo.

— A gente vê, por exemplo, que o Cerrado e o Pampa têm uma perda proporcional muito alta, praticamente em torno de 27% e 28% do que havia em 1985. Isso mostra uma tendência muito grande e acelerada de mudança nesses 39 anos, em contraste com outros biomas, como o Pantanal — diz.

Florestas públicas

Pela primeira vez, foi realizado um recorte na perda de cobertura vegetal das florestas públicas não destinadas, ou seja, aquelas em que a União ainda não definiu o uso da terra, como Unidades de Conservação, Terras Indígenas e concessões florestais, que representam 13% da Amazônia Legal. Atualmente, essas florestas ainda mantêm 92% de sua área coberta por vegetação nativa.

Já nas florestas públicas destinadas, as Terras Indígenas são as áreas mais preservadas no país, onde a perda de vegetação nativa foi equivalente a menos de 1% em 39 anos. Elas correspondem a 13% de todo o território nacional.

Áreas privadas

As áreas naturais sofreram maior impacto em propriedades privadas, onde a perda foi de 28% em 39 anos. Do total de 281 milhões de hectares convertidos pela ação do homem até 2023, 60% está em propriedades privadas. Houve uma expansão de 228% das áreas que foram convertidas em agricultura e 76% nas que passaram a ser pastagem, depois de 1985.

Quando o relevo é analisado, foi observada uma diferença entre a zona rural e áreas urbanas. Terras mais planas foram mais afetadas no campo, onde regiões com inclinação de 0 a 3% perderam 20% de sua cobertura nativa. Já nas zonas urbanas, as áreas de encostas, com inclinação superior a 30%, foram as que sofreram redução da vegetação nativa, com uma média de 3,3% ao ano.

— Essa informação sobre a declividade pode ser um dos fatores para entendimento de outros processos como os erosivos, deslizamentos e infiltração da água no solo. Então, quando a gente pensa em risco climático, o tipo de terreno também é fundamental para pensar em zoneamento e áreas destinadas à conservação — conclui a pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia e da MapBiomas, Bárbara Costa.

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