OPINIÃO | Nem tanto ao Sul, nem tanto ao Norte
É preciso lembrar que necessitamos do Estado, esse bicho-papão, para plena recuperação da nossa região. Com políticas públicas assertivas e claras na prevenção e reestruturação
André Liziardi*
Na última semana, a prisão de um humorista trouxe, também, a informação de um falso pix de 1 milhão de reais para auxiliar as vítimas da enchente de maio. O mesmo assunto fez outro humorista, responsável por uma vaquinha online, vir a público se manifestar sobre o porquê não tinha percebido que a doação era falsa. Ora, qualquer um confunde cem reais com um milhão de reais, não é mesmo?
Em comum, entre os dois humoristas, havia o imediatismo e a fala (mesmo que velada) de “o Estado não ajuda”. O primeiro, hoje preso, inclusive divulgou notícias falsas, atrapalhando, e muito, o auxílio sério de voluntários e serviços públicos no resgate e cuidado das pessoas que sofreram com as cheias.
Trago, nesses dois primeiros parágrafos, um breve comentário de uma situação que a maioria de vocês deve ter acompanhado. Escrevo isso, pois não é simples a crítica aos governos, como também as iniciativas privadas estão isentas. O ideal, sempre e sempre, é uma união de todas as forças em prol da população atingida.
Há ações extremamente importantes pela união da comunidade e da iniciativa privada, como a ponte no rio Forqueta, entre Lajeado e Arroio do Meio, ou da limpeza da RS-130, no trecho do município de General Câmara, que possibilitou o retorno da travessia da balsa no rio Taquari. E, sem esquecer, os inúmeros voluntários que trabalharam no resgate e na organização de doações.
São iniciativas louváveis, que merecem toda a atenção e reconhecimento. Mas não podemos esquecer que muitos prefeitos e vice-prefeitos estiveram à frente das ações, auxiliando e informando suas populações. O Estado, representado pelos entes municipais, estadual e federal, está no trabalho de recuperação. Há que cobrar? Sim, é mais do que necessária a cobrança e clareza nas informações dos entes públicos!
É preciso lembrar, também, que necessitamos do Estado, esse bicho-papão, para plena recuperação da nossa região. Com políticas públicas assertivas e claras na prevenção e reestruturação do Vale.
Porém, ainda há, no interim da plena recuperação, uma desconfiança, ou até descredibilidade, dos políticos. Um desafio e tanto para os postulantes das eleições de 2024. É preciso dialogar e entender a população que deseja representar, percebendo também a importância das ações da comunidade e iniciativa privada. Ou seja, nem tanto ao Sul, nem tanto ao Norte.
(*) Jornalista
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