Delegados da Polícia Civil decidem abandonar reuniões do RS Seguro
Classe também sinalizou que não irá atuar na prevenção de crimes eleitorais no pleito deste ano, função que atribui à Polícia Federal; medidas ocorrem como protesto contra a reforma de carreiras sugerida pelo governo Eduardo Leite
Os delegados da Polícia Civil do Rio Grande do Sul anunciaram que não participarão mais das reuniões do programa RS Seguro, coordenado pelo gabinete do governador e com um comitê executivo para acompanhar as metas de Segurança Pública. Além disso, a classe indicou que não atuará na prevenção de crimes eleitorais no pleito deste ano, tarefa que atribui à Polícia Federal.
Essas decisões foram comunicadas nesta terça-feira (23/07), cinco dias após a categoria retomar a suspensão de entrevistas e a divulgação de detalhes sobre operações no estado.
As medidas são um protesto contra a reforma de carreiras proposta pelo governo de Eduardo Leite, que prevê uma recomposição de 12% nos salários dos servidores da Segurança Pública. A correção abrange os servidores da Polícia Civil, Brigada Militar, Corpo de Bombeiros Militar, Instituto-Geral de Perícias e Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe).
O reajuste será dividido em três etapas, com aumentos de 4% em janeiro e outubro de 2025 e outubro de 2026. A estimativa é que o impacto nas contas públicas ultrapasse R$ 1 bilhão.
No entanto, a Associação dos Delegados de Polícia do Rio Grande do Sul (Asdep) considera o valor da recomposição insuficiente. Segundo a entidade, a categoria acumula uma defasagem superior a 64% desde 2014.
- Decidimos aumentar as medidas restritivas na intenção de convencer o governo da necessidade de recompor os salários da classe e da Polícia Civil em geral. Ao longo de uma década, houve apenas um reajuste de 6% em 2022, que apenas serviu para recompor a inflação daquele ano. Os índices de criminalidade nunca estiveram tão baixos, são o carro-chefe do governador. Apesar disso, parece que ainda não houve reconhecimento do trabalho exercido pelos servidores. Esperamos que Eduardo Leite reveja esse posicionamento - afirmou o presidente da Asdep, delegado Guilherme Wondracek.
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