50,3% dos municípios do RS não atendem meta de matrículas de 0 a 3 anos
Dados do Observatório da Educação Infantil no Rio Grande do Sul foram divulgados pela deputada Sofia Cavedon
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Na terça-feira (2/07), a Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul lançou o Observatório da Educação Infantil no Rio Grande do Sul 2024. Este documento analisa a situação da Educação Infantil no Estado, utilizando dados do Censo Escolar 2023 (INEP/MEC). Ele revelou que 50,3% dos municípios gaúchos não estão cumprindo as metas do Plano Nacional de Educação (PNE) para a frequência escolar de crianças de 0 a 3 anos.
O Observatório compila informações sobre creches e pré-escolas, incluindo a evolução no número de escolas e matrículas, a escolaridade dos docentes e o cumprimento das metas do PNE, destacando serviços na região metropolitana e nos cinco maiores municípios do RS.
Durante a apresentação, a deputada Sofia Cavedon (PT), presidente da Comissão de Educação, destacou que o RS ainda está longe de atingir as metas do PNE 2014/2024, que preveem o atendimento de 50% das crianças de 0 a 3 anos e a obrigatoriedade de frequência escolar para 100% das crianças de 4 e 5 anos desde 2016.
Os dados do Observatório indicam que 247 municípios (49,7%) cumpriram a meta de atendimento de pelo menos 50% das crianças de 0 a 3 anos, enquanto 250 municípios (50,3%) não atingiram essa meta. Quanto à meta de universalização da pré-escola para crianças de 4 a 5 anos, 188 municípios (37,8%) não alcançaram 100% de matrículas, enquanto 309 municípios (62,2%) atingiram a meta.
O RS tem 442.579 alunos matriculados na educação infantil na zona urbana e 24.235 na zona rural. Em 2023, a rede privada foi responsável por 32,5% das matrículas (151.921 alunos), a rede pública municipal por 67,2% (313.637 alunos), e a rede pública estadual por 0,3% (1.170 alunos).
Em setembro de 2022, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que a oferta de vagas em creches e pré-escolas é uma responsabilidade do poder público, estendendo a obrigatoriedade constitucional que antes abrangia apenas a pré-escola, para incluir todas as crianças de zero a cinco anos.
A deputada Sofia Cavedon ressaltou que a responsabilidade pela educação infantil recai sobre os municípios, que reduziram investimentos na área durante a pandemia, resultando em indultos do Congresso Nacional.
— Não é apenas a falta de vagas que prejudica as crianças, mas também a inadequada formação dos profissionais, currículos desatualizados, práticas pedagógicas sem formação contínua, e espaços físicos e materiais didáticos insuficientes — afirmou a deputada, destacando que o Observatório serve como instrumento de denúncia e luta pela educação infantil.
Maria Luiza Flores, da Faculdade de Educação da UFRGS, enfatizou a importância de os municípios aderirem aos programas do governo federal e evitarem a politização das gestões, priorizando as crianças.
— Rejeitar programas federais que fornecem recursos, apoio técnico e financeiro, formação e infraestrutura é negar direitos à população — disse ela.
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