Governo federal desiste de importação de arroz
Produtores e ministérios definem critérios de acordo que deverá ser oficializado nesta quarta-feira; Presidente da Conab diz que preço caiu 6% após leilão cancelado
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) decidiu não realizar um novo leilão para a importação de arroz. Após uma tentativa inicial frustrada por indícios de fraude, o governo federal e os produtores de arroz utilizaram esse tempo para negociar. Ambos os lados precisaram ceder para chegar a um acordo, que deverá ser oficializado ainda hoje.
O objetivo é assinar um termo de responsabilidade comum para evitar a alta de preços e garantir o abastecimento. Os produtores reconheceram que, no auge da enchente, deveria ter havido uma maior preocupação com a logística, assegurando a entrega e manutenção dos preços.
O governo federal acredita que, com este termo, é possível, pelo menos por enquanto, abandonar a possibilidade de um novo leilão para importação do produto. Vale lembrar que o Rio Grande do Sul é responsável por cerca de 70% da produção nacional de arroz.
Presidente da Conab diz que "preço caiu 6%" após leilão cancelado
O presidente da Conab, Edegar Pretto, afirmou à Rádio Gaúcha que o leilão para importar arroz, cancelado após uma série de problemas, contribuiu de alguma forma para a queda dos preços do cereal. Segundo Pretto, mesmo sem ter ocorrido, o leilão teve efeitos positivos:
— Na semana seguinte ao leilão, o preço caiu 6% para os produtores e, consequentemente, para os consumidores. Hoje encontramos preços de R$ 5 o quilo ou menos — disse ele.
Pretto detalhou como irá trabalhar com os arrozeiros após a assinatura do termo de responsabilidade, que visa evitar a alta de preços e o desabastecimento no Estado:
— Ficou marcado um próximo encontro para que o setor também nos ajudasse a apontar um caminho de quais as condições que nós teríamos de anunciar através do leilão para garantir um preço menor de arroz para os consumidores — afirmou ele.
Os arrozeiros tinham até a última quinta-feira (27) para apresentar uma proposta ao governo federal que justificasse a suspensão da importação do produto. A iniciativa do governo tinha como objetivo evitar que o arroz chegasse ao consumidor com preços elevados ou em falta.
A proposta do setor recomenda que os preços do produto em todas as regiões do país sejam monitorados. Caso ocorra uma variação de preços que onere o consumidor, a Conab pode intervir para garantir um abastecimento adequado e mais postos de venda para estabilizar o valor. A estratégia é aumentar a demanda para diminuir a oferta.
Além disso, Pretto anunciou que a instituição está prestes a firmar um contrato de opção de venda para garantir que o agricultor tenha segurança de que seu produto será comprado. Essa modalidade de acordo permite ao produtor rural vender o produto ao governo federal com um preço previamente fixado. Se a oferta de mercado for mais vantajosa, o agricultor tem a opção de não vender ao Estado.
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