Corte de recursos é de 76% no IFSul Charqueadas
Foram disponibilizados apenas 24% do orçamento para investimentos. Custeio teve redução de 20%
Cauê Florisbal
O corte de gastos implantando pelo presidente da República, Michel Temer, já gerá impacto nos Institutos Federais de Educação. Na última segunda-feira, 23, a Frente Parlamentar em Defesa dos Institutos Federais do Rio Grande do Sul, formada por deputados estaduais e presidida pelo deputado Nelsinho Metalúrgico (PT), realizou no auditório do IFSul Campus Charqueadas o seminário “A Educação no Desenvolvimento Regional”, quando foi debatida a situação financeira dos Institutos Federais de Educação.
Reflexos em Charqueadas
Atualmente com cerca de 900 alunos de diferentes municípios da região, o IFSul Charqueadas já sente os reflexos do corte de recursos.
- Hoje, o corte de despesas interfere de forma significativa. Dos recursos destinados para investimento foram disponibilizados apenas 24%, uma redução de 76%. Nos recursos para custeio, tivemos um corte de 20% e estamos na expectativa que isso seja revisto para uma melhor manutenção do Campus. Deixamos de investir, de construir outros prédios, e perdemos investimentos, isso é uma grande perda – disse Jeferson Wolff, diretor do Campus Charqueadas.
Emenda de Bancada
A Bancada Federal Gaúcha destinou uma emenda não obrigatória de R$ 25 milhões no Orçamento Geral da União de 2018 para aquisição de equipamentos e custeio dos institutos federais do RS.
Para o assessor da Reitoria, Antônio Carlos Brod, esse valor é muito baixo devido à quantidade de campus existentes no Rio Grande do Sul.
- Aparentemente parece bastante, mas dividido entre os 14 campi não é muito para fazer custeio e investir em equipamentos. Eu entendo que não deveria ser colocado para 31 deputados da Bancada Gaúcha decidirem no que é melhor investir, pois são inúmeros pedidos. Temos que fazer pressão para concorrer com diversas situações contrárias, como estradas, turismo, transporte. A Educação não deveria estar ali, pois já é obrigação do governo ter um orçamento específico para essa área - afirma Brod.
Medo de sucateamento
Para o deputado Nelsinho Metalúrgico (PT), o trabalho da Frente Parlamentar é garantir um ensino de qualidade para os estudantes. Para ele, os institutos não irão fechar, mas é necessário que os alunos pressionem que o governo para que não deixe de investir na educação.
- Defendam o orçamento do Instituto Federal. Não aceitem congelamento. O que vai ser destes computadores que vocês usam daqui a vinte anos? Vocês se imaginam estudando utilizando computadores ainda da década de 1990? O Governo Federal, ao congelar o investimento em educação por vinte anos, faz essa projeção – disse o deputado.
A importância do instituo
Morador de São Jerônimo, o estudante Kainã Chananeco falou sobre a importância do Instituto Federal para os alunos. Filho de empregada doméstica, ele lembrou pessoas que trabalham na mesma profissão e que, à noite, estudam no campus porque o ensino é gratuito, algo que seria quase impossível na rede privada.
- As pessoas buscam entrar aqui para tentar um futuro melhor - disse Kainã.
A realidade exposta por Kainã não é muito diferente da maioria dos alunos da rede federal de ensino. Segundo o deputado Nelsinho Metalúrgico, atualmente 70% dos alunos dos institutos federais do estado pertencem a famílias que têm renda mensal de até 1,5 salários mínimos.
O deputado também frisou a importância do investimento, comparando com as escolas particulares.
- Hoje, o valor que o Governo Federal gasta por aluno é bem menor que uma mensalidade de escola particular, e a qualidade do ensino é melhor – destaca.
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