Caso Ronei Jr.: terceiro dia de júri inicia com teses da acusação
'Vinicius deu a ordem, Leonardo deu a voadora no pai e o Peterson quebra a cabeça na cabeça e mata a vítima', afirma promotor
O Juiz de Direito Jonathan Cassou dos Santos reabriu a sessão do júri às 8h15 da manhã desta sexta-feira (24/6), o terceiro dia do júri que leva à julgamento três dos dez acusados pela morte do rapaz Ronei Faleiro Jr., na saída de uma festa, no dia 1/08/2015, no clube Tiradentes, em Charqueadas. Familiares do rapaz estiveram presentes no salão do Júri do Foro, inclusive o pai da vítima, Ronei Faleiro.
A Promotora de Justiça Anahi Gracia de Barreto, da Comarca de Charqueadas, abriu a fala dos quatro representantes do Ministério Público. Ela começou saudando os presentes. Na sequência, o Promotor de Justiça João Cláudio Pizatto Sidou, titular da Comarca de Alvorada, deu início à apresentação da tese da acusação. A fala dele teve início destacando a fragmentação do caso: "É uma ação complexa, que se desenrola em vários pontos. É uma horda de animais enfurecidos, enxame de abelhas, termos já usados aqui, e temos dificuldade de compreender o fato".
Ele passou o vídeo da noite do fato, capturado por uma câmera de segurança de um estabelecimento. O Promotor desenhou em um papel, a rua, os estabelecimentos e as pessoas que faziam a composição do cenário onde houve o fato. Assim, o representante do MP tentou demonstrar aos jurados como tudo ocorreu, a dinâmica e a relevância de cada um dos réus no ato.
"Além do homicídio, temos tentativas contra os outros três, associação criminosa, corrupção de menores. Tudo foi premeditado e temos provas nas fases policial e judicial. Primeiro, o Richard disse que foi avisado na festa de que iriam agredi-lo. Romano, um dos organizadores da festa, em depoimento exibido em vídeo, afirmou que ouviu Vinicius (um dos réus) falar para o segurança que só queriam pegar o Richard".
O Promotor citou as testemunhas que reconheceram os agressores e contaram que não puderam ajudar as vítimas porque era difícil chegar até o carro. Ele também exibiu vídeos de depoimentos de pessoas que estavam no local do crime para embasar a tese de que os acusados estavam esperando o grupo sair. Para o Promotor quem deu a ordem de ataque foi o réu Vinicius.
"O Jhonata dá o primeiro soco no Richard, erra e cai. Daí, vem a avalanche, os animais enfurecidos, e passam a agredir de forma constante, violenta e incessante. Tivemos a preparação, a ordem de ataque, o momento de neutralização do único oponente possível e a agressão", destacou o Promotor de Justiça.
O Promotor Eugênio Paes Amorim, que atua na Comarca de Porto Alegre, seguiu a explanação no tempo destinado à acusação.
"Vinicius deu a ordem, Leonardo deu a voadora no pai e o Peterson quebra a garrafa na cabeça e mata a vítima."
Em um trecho da sua fala o Promotor Eugênio Amorim disse que "Ronei filho deixou o Richard entrar primeiro no carro, bondoso igual ao pai, e ficou por último. Por isso, ele foi morto".
Após, o representante do MP abordou a questão sustentada pela defesa de que Ronei Jr. tinha doença pré-existente que agravaria o sangramento.
"Certidão de óbito não fala em histórico de doença. O laudo oficial de necropsia afirma que ele morreu de hemorragia intracraniana. O traumatismo teria sido a única razão para a hemorragia. Sobre doença já existente não teria comprovação, nem diagnóstico. O laudo pericial foi feito com todo histórico médico dele do hospital e não mostrou isso", frisou o Promotor.
Ele ainda falou sobre laudo apresentado pela defesa do réu Peterson, de um perito particular, para contestar o laudo oficial. Segundo ele, "o laudo do perito contratado pela defesa não mostra exames de que Ronei tinha alguma doença já existente e que teria agravado a condição de saúde dele. Se não houvesse as garrafadas, Ronei seguiria vivendo".
Sobre as qualificadoras, o Promotor abordou a do meio cruel e pediu que os pais se retirassem para mostrar a foto do rosto do rapaz com os cortes aos jurados. Ele também comentou sobre o recurso que dificultou defesa da vítima e o motivo fútil, por Richard ser de outra cidade, além da associação criminosa, como o grupo era conhecido por "gangue Aba Reta" e a corrupção dos menores de idade.
A seguir, as Defesas dos réus têm 50 minutos cada uma para falar.
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