Ciclone avança e traz vento com força de furacão ao Rio Grande do Sul
Órgãos oficiais já emitiram avisos sobre a possibilidade de vento muito intenso no Estado entre terça e quarta-feira
A MetSul Meteorologia alerta que um ciclone de rara intensidade atingirá o Rio Grande do Sul e Santa Catarina entre esta terça (17/05) e a quarta-feira (18/05), com rajadas de vento extremamente fortes que podem atingir velocidade acima de 100 km/h em diversas localidades e superiores a 120 km/h em parte do Leste gaúcho.
Segundo a MetSul, trata-se de situação de elevado perigo meteorológico e de extremo risco à população com alta probabilidade de danos e comprometimento de serviços públicos essenciais como luz e água. Moradores de municípios do Sul e do Leste do Rio Grande do Sul devem enfrentar várias horas seguidas de vento muito forte a intenso, com rajadas por vezes violentas em intensidade.
O consenso na comunidade meteorológica é que se tratará de um ciclone subtropical e que vai ser batizado pela Marinha do Brasil como uma tempestade subtropical de nome Yakecan ou “o som do céu” na língua tupi-garani. O último ciclone a ter sido nomeado na costa brasileira foi a tempestade subtropical Ubá, em dezembro de 2021.
VENTO PODE ATINGIR FORÇA DE FURACÃO
Órgãos oficiais já emitiram avisos sobre a possibilidade de vento muito intenso no Rio Grande do Sul entre amanhã e quarta-feira. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), por exemplo, em comunicado, alertou para vento de até 115 km/h ou mais no Sul gaúcho. As projeções nossas na MetSul, com base nas mais recentes saídas dos modelos, que apresentaram uma concordância maior quanto à trajetória do ciclone margeando a costa, indicam vento mais forte.
A trajetória do ciclone sobre a costa ou margando a costa do Sul ao Norte gaúcho é o pior cenário para a ocorrência de vento, o que explica todos os modelos numéricos estarem hoje indicando velocidades muito altas e acima de 100 km/h em vários pontos. O pior ocorreria no Sul gaúcho, na Lagoa dos Patos e entorno, na área de Porto Alegre e locais mais ao Sul do Litoral Norte.
O Sul e o Leste do Rio Grande do Sul serão as regiões mais castigadas com vento, em média, de 90 km/h a 110 km/h, mas rajadas em alguns pontos que podem atingir de 110 km/h a 130 km/h, em especial no Litoral Sul e na área da Lagoa dos Patos e seu entorno. A MetSul enfatiza que existem dados de modelos projetando velocidades ainda maiores, da ordem de 130 km/h a 150 km/h e isoladamente superiores, sobre áreas do Litoral Sul e da Lagoa dos Patos. Na região Metropolitana, a estimativa é de rajadas, em média, de 80 km/h a 100 km/h.
Cidades mais ao Sul da área metropolitana como Guaíba, Eldorado do Sul e Viamão podem ser igualmente duramente castigadas. O Vale do Sinos, pelo seu relevo, costuma ter vento menos intenso em ciclones, mas pode registrar rajadas muito fortes. O Litoral Norte gaúcho também deve sofrer com vento forte a intenso com rajadas perto ou acima de 100 km/h e potencialmente mais intensas em praias e municípios mais ao Sul da região como Palmares, Quintão, Balneário Pinhal, Tramandaí, Cidreira, Imbé, Xangri-lá e Capão da Canoa. Mais ao Norte, embora se preveja vento muito forte a intenso em alguns momentos, as rajadas seriam menos violentas que em praias mais ao Sul da região.
ONDE E QUANTO SE ESPERA O PIOR DO VENTO
O ciclone deve ingressar pelo Sul gaúcho, o que fará com que o vento se torne extremo na tarde e noite de terça-feira primeiramente pela região extremo Sul e depois para áreas mais ao Sul da Lagoa dos Patos. Na sequência, na noite desta terça, o campo de vento extremamente forte vai se mover pela Lagoa dos Patos e pelo litoral até áreas mais ao Sul do Litoral Norte.
No começo da quarta, o vento sopra forte na Serra e atinge com mais força áreas entre o Norte da Lagoa dos Patos e o Litoral Norte. Por isso, em Porto Alegre, o pior do vento deve ocorrer no final da terça e nas primeiras horas da quarta.
Os municípios de maior risco no Rio Grande do Sul por vento muito intenso a extremo são Chuí, Santa Vitória do Palmar, Pelotas, Rio Grande, Capão do Leão, São José do Norte, Piratini, Pedro Osório, Pinheiro Machado, Morro Redondo, Turuçu, São Lourenço do Sul, Cristal, Camaquã, Mostardas, São José do Norte, Tapes, Camaquã, Sertão Santana, Cerro Grande do Sul, Sentinela do Sul, Mariana Pimentel, Guaíba, Barra do Ribeiro, Eldorado do Sul, Viamão, Porto Alegre, Canoas, Gravataí, Cachoeirinha, Alvorada, Glorinha, Osório, Santo Antônio da Patrulha, Palmares do Sul, Balneário Pinhal, Cidreira, Tramandaí, Xangri-lá, Imbé, Capão da Canoa, Arroio do Sal, Maquiné, Terra de Areia, Três Cachoeiras, e Torres.
CHUVA LOCALMENTE FORTE A TORRENCIAL
Ciclones intensos, independente da sua natureza (extratropical, subtropical ou tropical), em regra, trazem chuva volumosa. A maior preocupação na passagem deste sistema entre amanhã e quarta no Rio Grande do Sul é vento, mas há risco de chuva por vezes forte a torrencial da tarde para a noite de terça e em parte da quarta-feira. O fato de o ciclone se deslocar muito rapidamente de Sul para Norte reduzirá o risco de acumulados mais extremos de precipitação. Mesmo assim, pontos da Metade Leste do Rio Grande do Sul, que será a região mais afetada pelo ciclone, podem anotar volumes de 50 mm a 100 mm entre terça e quarta, o que poderá trazer alagamentos pontuais. Porto Alegre e região metropolitana estão entre as áreas de risco de chuva por vezes forte a intensa. A chuva deverá acompanhar o vento muito forte e, com a baixa temperatura, a sensação térmica na rua será de muito frio e desconfortável.
IMPACTO DO CICLONE PODE SER SIGNIFICATIVO
Há alta probabilidade de danos na passagem deste ciclone pelo Sul e o Leste do Rio Grande do Sul entre amanhã e a quarta-feira. Espera-se um impacto muito alto no serviço de energia com a esmagadora maioria dos pontos sem luz na área de concessão da CEEE Equatorial, onde, considerado a projeção de vento, elevado número de clientes deve ficar sem luz. Na área de concessão da RGE, embora se preveja vento forte em áreas do Centro para o Leste gaúcho, as consequências devem ser menos graves que na região de atuação da CEEE. Com falta de luz, há risco de falta de água, uma vez que as estações de DMAE, CORSAN e outros serviços de saneamento são dependentes de energia.
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