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São Jerônimo, RS, 03/07/2024

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João Adolfo Guerreiro

JOÃO ADOLFO GUERREIRO | São João

Não devemos olhar com nostalgia, indiferença ou desprezo

Arquivo Pessoal
JOÃO ADOLFO GUERREIRO | São João Só São João permanece igual através dos tempos

João Adolfo Guerreiro

Era uma noite fria de inverno do século passado, de quandoos invernos ainda eram sempre frios no Rio Grande do Sul, antes de o climamudar. Logo, um tempo onde se podia acender o fogão à lenha dentro de casa paraaquecer o ambiente e ninguém poderia supor ficar sem camisa. Pois ao finaldessa noite de São Joao ele nasceu.

Nasceu para pular fogueira na vida, beber quentão e comeramendoim na casca junto com uma prenda bonita. Tudo era muito diferente naquelaépoca. Aliás, as coisas sempre ficam diferentes, pois os tempos mudam. Pessoasnascem, crescem, reproduzem e morrem, outras vem em seu lugar e seguem emfrente.

Não havia tanta tecnologia e o jornal diário impresso,comprado em banca ou assinado, estava em alta, junto com o rádio e a televisão.Telefone fixo era luxo de poucos. Ainda se jogava bola nos muitos campinhos queexistiam em cada bairro. Enchentes e pandemias eram coisas do passado, do tempodas grandes guerras mundiais. Sua mãe fazia café-com-leite e pão com ovo nasmanhãs de sábado e domingo e as famílias passeavam de fusca e DKV ou se reuniampara um churrasco. Por falar nisso, as melhores festas de aniversário eram asdo seu Pedro Acosta, em fevereiro, na Colônia.

No cardápio da janta, churrasco assado em espeto de pau,maionese, arroz e tomate com cebola, tudo servido em pratos de papel sobrelongas mesas de madeira cobertas com papel pardo. Chopp em barril e garrafinhasde refri (guaraná e limão). Muito gente ia, eram magníficas e fartas,estendiam-se pela madrugada. Nunca choveu no aniversário do seu Pedro Acosta.

O pessoal era católico, umbandista ou kardecista, nessaordem, e não se via mais do que isso. O futebol local possuía prestígio eatraía público, poucos frequentavam assiduamente Olímpico ou Beira Rio. Nãodevemos olhar para o que passou com nostalgia, indiferença ou desprezo, poisnascemos no passado que foi devorado pelo presente a ser devorado pelo futuro.Inexorável, óbvio ululante. "Sobreviventes" do "bug domilênio", aquele que foi sem nunca ter sido, fake news primeva. Lembramdisso?

Só São João permanece igual através dos tempos, seja nacapela do Hospital Ernesto Dornelles, em Porto Alegre, ou no vitral da IgrejaNavegantes, em Charqueadas, estrutural, material e imaterial. É nome de rede defarmácias, tem uma em cada esquina.

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