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São Jerônimo, RS,29/04/2025

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João Adolfo Guerreiro

JOÃO ADOLFO GUERREIRO | Magal no Araújo Viana

"O meu sangue serve pra você"

Reprodução
JOÃO ADOLFO GUERREIRO | Magal no Araújo Viana Magal no Araújo Viana

João Adolfo Guerreiro

Na sexta-feira passada fui assistir ao show do Sidney Magal no Auditório Araújo Viana, em Porto Alegre. Casa cheia... de mulheres.

O público, 90% dele (e não é exagero), era composto por mulheres, a maior parte delas "balzacas" entre os 50 e 60, "gatinhas" de 40, poucas "adolescentes" na faixa dos 30 e, até mesmo, uma lá que outra criança de colo na faixa dos 20. Só para comparar, quando ia nos shows do saudoso Erasmo Carlos, o público era bem dividido, por gênero e idade. Mesmo com a veteranada predominando, dava pra enxergar muitos casais de jovens. No Magal, não.

Sobre o palco, seis músicos: guitarrista, percussionista, saxofonista, tecladista, baterista e baixista, todos ótimos, no padrão de qualidade dos shows nacionais. Além destes, dois casais de dançarinos. Aliás, Magal apresentou somente esses, perguntando a cada um seu nome. Citou apenas a coreógrafa, ausente por estar em final de gravidez, e o tecladista, o "maestro", que o acompanha há trinta anos e, há onze, é seu genro. Inclusive, ao apresentar o último bailarino, foi até onde estava o baixista e, ao se dar conta, tascou: "Ah, você não é bailarino, não vou te apresentar".

Em sua entrada no palco, o Araújo Viana delirou. Magal abriu o show com a canção Palco, de Gilberto Gil, declamando as estrofes e cantando apenas a melodia do refrão. Interpretou muita coisa de outros artistas: Erasmo Carlos e outros da Jovem Guarda, também canções em espanhol. O primeiro sucesso seu que apresentou foi Amante Latino, que a mulherada, óbvio, acompanhou de pé. De todos os seus hits, só não cantou Se Te Agarro Com Outro Te Mato, já anacrônica e, até, inadequada para esses nossos tempos de feminicídio.

Magal, sobre o palco, entretanto, está há décadas e quilos do Amante Latino dos anos 1970, 80 e 90. Paradão, mexe-se pouco, mas, por outro lado, ainda é um monstro de carisma e simpatia: sabe tudo sobre como lidar com sua plateia, acarinhando-a. "Vocês não tem vergonha do que faziam comigo no passado? Arrancavam minhas roupas, arranhavam-me todo!" Deu pra sentir que ele realmente A D O R A subir no palco e cantar. Somando-se a isso, suas tiradas bem sacadas provocavam risos durante todo o espetáculo.

"Tive um AVC em maio de 2023, durante um show em São José dos Campos. Passei dez dias na UTI, mas, graças Deus, não fiquei com sequelas. Ainda bem que na hora que deu o AVC, não estava cantando 'Me chama que eu vou'. Imagina se tivesse?" - até os músicos e dançarinos caíram na gargalhada. Brincou acerca da idade e do peso: "Não sou mais um gato, agora, mas um tigre... de bengala, mas, ainda sim, continuo um felino". "Procurarei o governo brasileiro para fazer uma campanha de doação de sangue que se chamará O meu sangue serve pra você" - arrancando palmas e mais risadas.

Aliás, O Meu Sangue Ferve Por Você foi a canção mais apreciada da noite, sendo repetida no bis. Outra? A cigana Sandra Rosa Madalena, claro! "Tenho" também levantou as fãs da cadeira e Magal aproveitou a oportunidade pra falar de seu casamento com Magali, que conheceu quando estava com 29 anos, em Salvador, e ela com 15. Foi num programa de TV entregar um troféu num concurso de beleza e a viu entre as candidatas: amor à primeira vista. "A vi e soube naquele momento que era a mulher da minha vida, com a qual casaria, teria meus filhos e viveria para o resto da vida". Estão casados até hoje. À época, Magal morava com a atriz Solange Couto (a eterna Dona Jura), que conheceu como mulata do Sargenteli.

O show foi curto, uma hora e dez minutos contando o bis, mas Magal disse: "Como parar em um ou dois anos, encerrando minha carreira, após uma noite como essa?" Falou ainda sobre o seu filme, que esteve recentemente em cartaz nos cinemas.

Escuto o Sidney Magal desde que era muito pequeno e morava na Colônia, ir ao show foi a realização de um sonho de infância. Em minha família, nas festas, sempre rola O Meu Sangue Ferve Por Você e uma das primas faz cover de Sandra Rosa Madalena, vestida a caráter. É sempre uma diversão muito grande.

Entretanto, nada como ver o homem ao vivo, mesmo fora de forma. Magal é Magal, oras. Ninguém sai imune e do mesmo jeito de um show seu. Ah, lembrei agora de uma outra que ele disse: "Tem um papagaio aí na internet que me imita, canta minhas músicas. O nome dele é Papagal".




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