João Adolfo Guerreiro
JOÃO ADOLFO GUERREIRO | Feriadão do coelho e do índio
Que assim seja

João Adolfo Guerreiro
De minha janela observo o verde e penso: Desse mato sairá coelho? Coelho carregando ovo de chocolate? Muito provavelmente, não. E índio? Haverá índio nesse mato? Também é bastante provável que não, mesmo que coelhos e índios sejam daí originários. Já no supermercado podemos encontrar ambos, um do lado de dentro, à venda, e outro do lado de fora, vendendo.
A civilização, ah, a civilização. Ela mata e aprisiona coelhos e índios, e vende. E depois os transforma em feriados que, quando caem próximos no calendário, como neste ano, viram F E R I A D Ã O! Oba, oba, oba, F E R I A D Ã O!!! Dias de não trabalhar e viver com a família. Para nós, pois para o índio o trabalho não é escravidão a um sistema produtivo social, mas subsistência. O índio não trabalha pra sobreviver para que outro índio viva do fruto do seu trabalho. Nós, sim.
É feriado, coincidentemente, no Dia do Índio e no Dia do Trabalhador. E nenhum dos dois é vagabundo, ambos trabalham, embora apenas um seja escravo. Já o coelho é proteína sobre a mesa e chocolate na Páscoa Cristã. Tão fofinho e tão gostosinho, o coelho! Matamos índios e coelhos e, em troca, criamos feriados para os homenagear e descansar. De fato, como naquela canção do Jorge, todo o dia é dia de índio e de coelho, desde que estejam no mato. Na civilização, não. Daí, só os dias de feirado são dias seus, os demais são todos nossos. Em 2025, um na sexta e outro na segunda, F E R I A D Ã O. Pensando bem, até esses dias são nossos, também. Todos os dias são nossos!
Na Páscoa Judaica, os romanos não mataram coelhos, índios ou Jesus. Desse último foram os religiosos judeus que deram cabo, eis que Pilatos lavou as mãos e se declarou inocente desse crime, omitindo-se. Entretanto, nem Pilatos, Caifás ou qualquer outro dos romanos ou judeus subiram aos céus com Ele naquele dia, mas sim o ladrão crucificado ao seu lado no Gólgota. Um ladrão, vejam só. Arrependido, claro.
Desse mato que vejo pela janela de minha biblioteca não sairão coelhos e índios, mas Jesus está lá. Como Deus, Jesus está por toda a Criação. Benditos aqueles que O seguem e são caridosos com coelhos e índios. Que assim seja.
Um bom feriadão de Páscoa e dos Povos Originários para todos. Cuidem-se, vacinem-se, vivam e fiquem com Deus. Voltaremos a nos encontrar na terça-feira.
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