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São Jerônimo, RS,17/04/2025

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João Adolfo Guerreiro

JOÃO ADOLFO GUERREIRO | Viver é sobreviver

Existir é a dádiva fundamental

Arquivo Pessoal
JOÃO ADOLFO GUERREIRO | Viver é sobreviver Domingo fui ao velório e enterro de um amigo e depois estive em Santo Amaro, pro evento de Portugal

João Adolfo Guerreiro

Domingo fui ao velório e enterro de um amigo e depois estive em Santo Amaro, pro evento de Portugal.

Segurar a alça do caixão de um amigo de início e fim da adolescência é foda, mas pior ainda é enterrar um pai e um marido. Vi a filha mais velha e a atual esposa dele lá. Pungente. Eterno amigo da Cohab, colega de serviço público, parceiro de gincana pelo Expressarte e companheiro de militância política nos 1980 e 1990. Um cara verdadeiramente único em nossas vidas, o César La Múmia, como o chamávamos entre os parças da turma da Cohab. Oberdan, Luciano, Jorginho, Baldo e Miguel também estavam por lá. Baita perda. Tremenda perda. Um de nós, parte da biografia que construímos. O primeiro que perdemos, tão cedo e tão cheio de vida, ainda. O velório começou logo depois da meia noite e o enterro foi às onze da manhã. Morreu jogando bola em São Jerônimo, de infarto. Que merda.


Daí fui almoçar em Santo Amaro, olhando o rio e pensando na vida, pra curtir o evento. Em determinados dias a gente faz as coisas por puro instinto, em estado de nocaute técnico, reage automaticamente para amenizar os golpes da vida. Nem consegue parar pra pensar. A D O R O Santo Amaro, poderia morar lá, de tanto que aprecio aquela calma bucólica e histórica às margens do Jacuí. Não é um lugar feio, que nem Charqueadas. Minha cidade é a minha Raimunda. "E na cidade dos meus versos Os sonhos dos meus amigos". Charqueadas, onde nasci e vivo, é a cidade das minhas crônicas e dos meus amigos. É feia, mas é minha e possui um trecho privilegiado do Jacuí. A Região Carbonífera é um lugar legal, tanto que escrevo em maiúscula o R de região.

Passei no Coqueiros e vi a senhora Olinda atendendo os clientes do almoço. Tomei um pretinho básico por lá. Ela informava a um casal de motoqueiros, com o conhecimento e simpatia que lhe são característicos, que Santo Amaro é uma colonização açoriana vinte anos mais antiga que Porto Alegre, pois iniciou em 1752. É pintora e não é de origem açoriana, mas já viajou pra lá e sabe tudo do assunto. Inclusive, de bengala e mega lúcida, ainda disse que o nome do evento deveria ser Portugal em Santo Amaro, e não Santo Amaro em Portugal. Uma pessoa única, dona Olinda, um lugar único, Santo Amaro. O Coqueiros fez quarenta anos em dezembro passado. Tá a venda. Se eu tivesse capital, acho que comprava.

"O mundo gira e a lusitana roda", entre perdas, ganhos e empates num futebolzinho de sábado à tarde entre amigos e num passeio familiar de domingo. A vida é bela, com suas dores e amores. Viver é sobreviver, correndo riscos calculados. Só o amor dá cor pra vida. Existir é a dádiva essencial, radicalmente individual; viver é possibilidade e opção, ato coletivo.





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