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São Jerônimo, RS, 20/02/2025

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João Adolfo Guerreiro

JOÃO ADOLFO GUERREIRO | Faleceu Spock, o da Colônia

O nosso inesquecível Spock

Reprodução
JOÃO ADOLFO GUERREIRO | Faleceu Spock, o da Colônia Icônico oficial de ciências e primeiro oficial Sr. Spock

João Adolfo Guerreiro

Nos anos 1970 estava no auge no Brasil a série estadunidense Jornada nas Estrelas, com o capitão Kirk, o doutor McCoy, a tenente Uhura e o icônico oficial de ciências e primeiro oficial Sr. Spock. E este último morava na Colônia. Juro! Até já escrevi sobre isso aqui, em setembro de 2020: O Sr Spock morava na Colônia. Leonard Nimoy, o ator que interpretava Spock na série, morreu em 2015; já o seu sósia da Colônia, parecidíssimo, Cezar Bragatte, faleceu nesta semana.

Eu só fui saber que o nome do Spock era Cezar décadas depois, num dia em que me encontrei com ele na Modulada de Charqueadas, eu como agente e ele como brigadiano, pois vi na sua gandola o nome de guerra, Cezar. Lá na Colônia todo mundo o conhecia e chamava de Spock. Se fossem procurar pelo Cezar Almício na Colônia na década de 70, ninguém saberia informar. Creio que seus colegas de farda e familiares, na fase adulta, o chamassem pelo nome, mas lá na Colônia era o nosso icônico e eterno Spock.

Era quatro anos mais velho que eu, foi uma desagradável e muito triste surpresa saber pelo Face do seu óbito. Um dos caras das antigas lá da Colônia, da minha infância, mas que se foi cedo, mas bah, muito. Ia fazer 60 anos. Sei que depois dos 50 a gente sabe que tanto pode viver mais 30 anos quanto mais 30 dias, entretanto esperamos que os conhecidos cheguem até a média da expectativa de vida, uns 75 anos, por aí, pelo menos. Como é normal entre o pessoal da Colônia daquele tempo, sempre que o via a gente parava pra conversar e trocava uma ideia. A última vez que o encontrei ele andava pela calçada do Bonatto, vindo da rodoviária, e eu ia pra lá. Conversamos brevemente sobre algo que não recordo.

O Spock chegou a trabalhar com o meu pai, ele soldado no início da carreira e o cabo Velho Guerreiro já se aposentando, penso que na segunda metade dos anos 1980. O pai gostava dele, falava bem do Spock como colega, lembro que uma vez fomos na sua casa, ele recém casado e morando na Cohab. Se não me engano, um raio tinha caído na sua antena de TV e estragado a rede elétrica. Naquele dia me senti mais guri de merda do que nunca antes: bah, o Spock agora colega de farda do meu pai, casado com uma mulher tri bonita, com casa própria e eu ainda agarrado no coturno do seu Nery. Entretanto ele me tratou como sempre, tirando sarro, como os rapazes mais velhos da Colônia tratavam os mais novos. Isso sempre foi assim, essa intimidade da infância nunca se perdeu. Bah, o Spock era uma cara muito legal.

Como o são vários outros da idade dele daquele tempo, como o Valdir Amaral, o Délbio e o Balaca Corrêa, o Chamaco, o João e o Belarma Acosta, a Nádia e a Maria do Carmo, o saudoso Chiba, filho do cabo Nerizão, xará do pai. Vários, muitos deles viraram ou brigadianos ou agentes. Sempre foi legal conviver ou encontrar com essas pessoas depois, no serviço. O Miguel Acosta, que regula de idade comigo, fez o curso da Susepe junto, no Assis Chateaubriand e trabalhamos na CPA. O Délbio, o Balaca e o Chamaco também, lá e na Modulada. Bah, é muita gente, vou parar por aqui pra não esquecer o nome de alguém. E o Spock foi uma dessas pessoas. E não importa se a pessoa é gremista, colorado, crente, católico, umbandista, kardecista, lulista ou bolsonarista, a gente se respeita e se conversa, sempre.

Logo depois que vi no Face seu convite pra enterro, que já tinha acontecido, fui no Bonatto e dei de cara com um PM lá da Modulada, já aposentado. O cumprimentei e já ia perguntar, quando ele atalhou: - E aí João, soube do Spock? Deviam ser camaradas, pois não o chamou pelo nome de guerra, mas pelo apelido. Ontem de tarde vi o Chico, outro lá da Colônia da idade dele, que me disse que foi no enterro e que ficou muito triste com a notícia. Todos nós, coloneiros da época, ficamos, bem sei. Bem sabemos.

Não soube a tempo de ir ao velório e enterro, mas deixo aqui meus sentimentos para os colegas, amigos e familiares do Spock. Um cara legal. Deus o receba. Uma parte da vida de todos nós que se foi. A antiga Colônia chora no coração de todos nós.

Escrevi sobre ele quando vivo e agora, na morte. Não colocarei foto dele nesta crônica. Basta dizer que era o Spock lá da Colônia, o nosso inesquecível Spock.

Um bom findi pra todos. Cuidem-se, vivam e fiquem com Deus.




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