João Adolfo Guerreiro
JOÃO ADOLFO GUERREIRO | Escrever sobre o que?
Os 'conteiros', a chuva e Paris
João Adolfo Guerreiro
Não sei se existe um "pior" em escrever diariamente pra quem gosta do ofício, mas diria que o mais difícil não é quanto tu não tens ideia alguma determinado dia, pois tu se vira daqui e dali e alguma coisa sempre sai. O ruim é quando tu tens várias ideias no mesmo dia e tem de escolher apenas uma delas. É como estou hoje e, graças a Deus, é o que mais ocorre comigo. Até porque Deus não me daria uma habilidade pro mundo pra me deixar na mão, né?
Primeiro iria escrever sobre o boné acima, o MAGA do Trump que políticos brasileiros surrealmente colocaram na cabeça. Mesmo sendo assunto superbatido na grande mídia e fora da esfera local - minha ênfase aqui -, queria falar sobre isso. Surreal. Em primeiro lugar, quero dizer que MEU BONÉ NÃO É VERMELHO! É verde e amarelo, como na foto abaixo, na Copa América em Porto Alegre, na Arena, em 2019. Já havíamos lidado com vassalagens esdrúxulas como presidente da República batendo continência pra bandeira dos EUA e vereadora de Porto Alegre com roupa inspirada na mesma, mas ver o governador de São Paulo colocar o dito boné na cabeça e falar "grande dia" foi além da conta. Por quê?
Veja, o presidente "americano" deportando brasileiros em um avião velho, algemados, sem ar condicionado e usando WC de porta aberta e o governador de nossa maior capital bajulando o cara. Brasileiros trabalhadores que, mesmo ilegais, não são criminosos nem vagabundos, nessa situação e o cara com o boné. Nada contra os EUA e seu presidente eleito estar cumprindo suas promessas de campanha, o fato é que a gente tem de se tocar: ou se é brasileiro, patriota de verdade, ou se é quinta coluna, contra o povão. O "American Great" do boné de refere apenas aos EUA, o mundo que se dane, nós brasileiros nele incluídos, pois até taxação que afetará nossa economia e a vida do povão corremos o risco de levar. Totalmente sem noção essas pessoas, ainda mais sendo os mesmos que diziam que a bandeira deles não era vermelha e críticos do comunismo. Hipócritas, suas máscaras caíram! E, bufões, se parecem muito, agora, com os comunas de antanho de vermelho, enaltecendo Stalin.
Em segundo, escreveria especificamente sobre a CHUVA. "Que a chuva traga alívio imediato", como na canção do Engenheiros. E ela veio hoje às seis da manhã refrescante e abençoada. Abri a janela da sala, deitei nu no sofá e fiquei sentindo o ar e as gotas d'água no corpo. Uau syl! A D O R E I. Vesti um calção e saí pra área da frente da casa pra ler gibi, o Tex, sob a luz do sol nascente (foto abaixo). Que momento, fiquei feliz como um guri. Sou um ser invernal e primaveril, sinto muito o calor extremo do verão que está fazendo, com o sol queimando na pele. Há quem goste, mas não eu.
Em terceiro, os CONTEIROS DE CHARQUEADAS seriam o tema da crônica do dia (foto abaixo). O que são? Consistem num grupo de escritores e escritoras locais, doze deles, que estão desde o final do ano passado articulando o lançamento de um livro de contos. É o pessoal do Clube do Livro de Charqueadas, da ASLIC e do Sarau Literário. O inédito e pioneiro da iniciativa é que será a primeira vez que literatos charqueadenses organizarão e financiarão uma coletânea, junto com possíveis apoiadores. O livro sairá antes do XI Sarau Literário de Charqueadas, sendo mais provável que tal ocorra no início do inverno.
Em quarto, iria cronicar sobre PARIS É UMA FESTA, de Ernest Hemingway. Gente, hipersupermegaultra recomendo, principalmente pra quem gosta de escrever, esse livro. Obra prima, demais, recheado de dicas valiosas e interessantes sobre o fazer literário. Ele escreve nos anos 1960, já morando em Cuba, sobre suas memórias literárias da Paris dos anos 1920. Quem assistiu Meia-noite em Paris, de Woody Allen, pode ter uma ideia do quanto esse livro é bom, pois se refere ao mesmo período da cidade e com os mesmos personagens hoje icônicos das artes mundiais em sua convivência e cotidiano. Tem na Biblioteca Pública Vera Gauss, em Charqueadas, para empréstimo.
E era isso, não escrevi especificamente sobre cada um dos assuntos, mas brevemente sobre todos. Tinha de ser assim, creio. Até amanhã.
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