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São Jerônimo, RS, 05/02/2025

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João Adolfo Guerreiro

JOÃO ADOLFO GUERREIRO | O Casarão da Colônia

Saudade daqueles velhinhos loroteiros

Manoel Henrique Paulo / Reprodução
JOÃO ADOLFO GUERREIRO | O Casarão da Colônia Casarão da Colônia

João Adolfo Guerreiro


Eu e o Gó

brincávamos no Casarão

onde os mais velhos da Colônia

nos diziam haver

grilhões para escravos no porão


Era mentira, claro,

mas a gente acreditava

e subia no sótão bamba

e descia para o porão imundo

do velho Solar dos Barcellos


Depois ficamos espertos

sacamos a lorota dos velhos

Nossa vingança

foi a morte os levar

e irmos no velório deles


Enganaram sobre a antiga sede da Meridional

depois sorrimos ao vê-los nos caixões

enterrados no cemitério da Colônia

que hoje está abandonado e cheio de mato

(ossos esquecidos e tumbas sem retrato)


Ah, me deu uma saudade do Gó

das nossas meninices e crendices

e também dos velhos lá da Colônia

que perdiam o seu tempo troçando da gente

Ah, doces velhos, queridos velhos, tão sapientes


Sabiam da generosidade da vida

muito mais do que eu hoje sei

e enobreciam seu pouco e precioso tempo

atiçando a imaginação da criança que fui


Hoje tenho minha neta

e minto adoidado pra ela

para que a magia da vida lhe sorria

como nos sorriam as doces mentiras

dos queridos velhos lá da Colônia

sobre as correntes do Casarão


PS - O Solar dos Barcellos, propriedade do senador, médico e charqueador Ramiro Fortes de Barcellos (1851 - 1916), foi sede de sua charqueada Meridional, situada onde hoje é o bairro Colônia Penal, em Charqueadas. O Casarão, como o chamávamos, ou o Casarão da Colônia, como era conhecido em Charqueadas, foi demolido na década de 1980.





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