João Adolfo Guerreiro
JOÃO GUERREIRO | Boicote ao Carrefour, Havan, Magazine Luíza, Ainda estou aqui, X, Globo...
Ué, cadê o espírito de Natal? Em tempos de divisão entre esquerda e direita, quase tudo é vitimado e cai no vórtice da disputa ideológica, de 2013 para cá.
João Adolfo Guerreiro
Cancelamentos e boicotes, estamos na época deles, aditivados nesses tempos de redes sociais. O CEO do Carrefour deu uma declaração tola na França, a favor dos agricultores locais, e prejudicou sobremaneira seus próprios negócios no Brasil e no Mercosul. Iniciarei por esse caso.
Porque foi tola a declaração? 1 - a França só importa 0,01% da carne que vende em seu mercado interno do Brasil; 2 - o Brasil é o segundo mercado mais lucrativo do Carrefour; 3 - falar mal da qualidade da carne brasileira, vendida em 160 países, é difamação. Por tudo isso, vê-se que, ao fazer uma média, não levou em conta o tiro no pé. Só posso acreditar que não esperava a reação brasileira, tanto do governo federal quanto do agronegócio, que BOIcotou a entrega de produtos para os supermercados da marca no Brasil. O fato é que o BOIcote uniu gregos e troianos no Brasil, tipo o "um por todos e todos por um", do romance Os três mosqueteiros, do escritor francês Alexandre Dumas, o pai. Talvez o CEO tivesse na cabeça o marechal De Gaulle, ex-presidente da França, que disse certa feita que o Brasil não era um país sério. Atualize-se: em certos setores, ficou, sim, muito sério, tanto que que não mais se corrompe ou se dá golpes impunemente por aqui. Logo, pensem antes de falar, oui, que em boca fechada não entra mosca e nem causa prejuízo na bolsa. Já se desculpou e as entregas recomeçaram. Ça va. Ninguém quer perder dinheiro, claro.
Mas nem todo o boicote é BOIcote, eis que se faz o mesmo contra lojas, filmes, sites, redes de televisão, etc. Em tempos de divisão entre esquerda x direita, quase tudo é vitimado e cai no vórtice da disputa ideológica, de 2013 para cá. Só que esses, geralmente, não unem gregos e troianos. Via de regra, pessoas de esquerda não compram na Havan e pessoas de direita evitam o Magazine Luiza, devido a orientação política e ideológica de seus proprietários. Ouço pessoas falarem até aqui em minha cidade que não vão nem compram em tal ou qual lugar pelo mesmo motivo. Tem gente que saiu do X por o Musk ser "fascista", assim como há os que ignoram a Globo por ela ser "comunista". Até contra o filme “Ainda estou aqui” encontramos postagens nas redes sociais, defendendo o boicote ao mesmo. Deve ter, igualmente, com certeza, quem não leia o Portal e este colunista por coisa do tipo. E, claro, como dizia o famoso jingle de campanha do saudoso prefeito Anápio Ferreira, "eles têm todo o direito". Cada um faz o que quer com seus olhos e seu bolso. Só que os boicotes que separam os gregos dos troianos acabam não funcionando, pois os do outro lado são estimulados a romper o boicote e, além disso, os que não tem lado compram onde lhes é mais intere$$ante à$ finança$, sem ligar para a "grenalização".
Todavia, o que achei mais interessante, insólito e nada a ver foi uma postagem, compartilhada por alguns de meus facefriends, que dizia estar chegando o Natal e que era pra ir na Havan comprar seus presentes, acrescentando que não se devia fazê-lo no Magazine Luiza. Ué, mas cadê o espírito natalino, meu povo? É o nascimento de Jesus, gente, "O" cara do amor, da paz e da concórdia. Como, então, usar da data convencionada para marcar seu nascimento desta forma mesquinha e pequena, defendendo justamente o contrário do que Ele ensinou? E o que mais me causou surpresa é que uma das pessoas sei que é muito religiosa, mega cristã. Santa incoerência, Batman! Pelas barbas brancas do Papai Noel vermelho da Coca Cola! Não Nicolau, rogai por nós!
Domingo, dia 1º de dezembro, aliás, será o primeiro dia do Advento de Natal. Até lá, reflitam, para que o espírito do qual estejam imantados seja o de Natal, não o de porco. Desarmem o espírito, tornando-o grande e generoso. Superemos 2013.
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