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São Jerônimo, RS, 14/11/2024

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João Adolfo Guerreiro

JOÃO ADOLFO GUERREIRO | 100 anos sem Kafka

Clube do Livro de Charqueadas vai debater “A Metamorfose”, amanhã, 19 horas, na Biblioteca Municipal Vera Gauss

Arquivo Pessoal
JOÃO ADOLFO GUERREIRO | 100 anos sem Kafka Integrantes do Clube do Livro de Charqueadas

João Adolfo Guerreiro

Sem Kafka vivo, mas, mesmo morto, sua obra continua, inclusive aquela da barata que, na verdade, não é uma barata como a maioria das pessoas pensa, devido a uma tradução "muito criativa" do alemão para o português. Na verdade, ninguém sabe que inseto era aquele que “quando Gregor Samsa, certa manhã, despertou de sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado em um inseto monstruoso”. A culpa é um pouco também daquela canção dos Inimigos do Rei, que dizia “Vem Ká Fka comigo” e “Havia uma barata na minha cama”, coisa assim. O que uma tradução “inventiva” pode causar de equívocos sobre o livro de um autor, não é mesmo?

O tcheco que escrevia em alemão por escrever melhor em alemão do que em tcheco, Franz Kafka, faleceu aos 40 anos em 3 de junho de 1924, de fome. Sim, a tuberculose fechou sua garganta e ele não conseguia comer. Logo, tecnicamente, não foi a tuberculose que o matou. E, assim, escapou de morrer nos campos de concentração alemães, como suas irmãs, nos anos 1940, visto que era judeu. Deixou seus escritos inéditos e inacabados para um amigo, solicitando que tudo fosse queimado. O amigo, claro, não atendeu, e por isso conhecemos muita coisa de Kafka. Ou melhor, muita coisa do que sobrou, pois ele e sua última namorada queimaram 90% dos seus escritos.

Ah, as mulheres, Kafka era fissurado em sexo, transou muito com muitas durante a vida e, mesmo assim, ainda encontrava tempo para apreciar uma pornografia. E vejam que se achava feio e esquisito! Se fosse um Alain Delon, um Renato Gaúcho ou um Richard Gere, mas bah, o que de sexo esse tcheco teria feito! Era alto para a época, tinha 1,80 metro no início do século XX. As pessoas olham suas fotos e acham que ele era baixinho e magrinho. Não, era só magrinho. Não fizeram sucesso seus escritos em vida, inclusive o da barata que não é o da barata, A Metamorfose, publicado em 1915. A grande maioria de sua obra é póstuma, graças ao amigo que não lhe concedeu seu último pedido. Kafka, vê-se, não sabia escolher bem os de sua confiança. Ainda bem, né? Agora é um clássico imortal, considerado um dos maiores escritores do século XX que ainda vende muito no XXI.

A Metamorfose já entrega o jogo logo no primeiro parágrafo, o que vem depois é a descrição fria, metódica e irônica da agonia de Samsa junto à família. Inovador, pois na época os escritores deixavam para o final a grande surpresa. Mais não conto, vão ler o texto, que é um conto longo, mas que dá pra dar conta numa tarde. Aliás, o Clube do Livro de Charqueadas vai debater justamente A Metamorfose amanhã, 19 horas, na Biblioteca Municipal Vera Gauss. Dá tempo de pegar o livro emprestado lá, hoje ou mesmo amanhã, ler e ir no Clube. Aliás, olhem o pessoal aí em cima, na foto, um ano atrás, faceiros após debaterem O Alienista, de Machado de Assis, que, por acaso, também é um conto longo que dá pra ler numa tarde.

Para quem quiser se aprofundar em Kafka, deixo abaixo o link para um texto bem melhor que esse meu, escrito pelo Juremir Machado da Silva, sobre o autor e um evento que está ocorrendo em Porto Alegre, cujo cartaz também publico abaixo. Até o Clube do Livro, para quem for. Não vão ter sonhos intranquilos! Apenas curtam o barato kafkaniano.

Kafka no Goethe - por Juremir Machado, no Matinal.




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